quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ABRO MÃO

"A quem tenho eu no céu além de Ti?
E não há na terra quem eu queira mais que a Ti
Estou apaixonado,
Desesperado de amor

Eu estou disposto a morrer por Ti
E construirei no cume do monte um altar
E o sacrifício sou eu...
E o sacrifício sou eu.

Abro mão dos meus sonhos
Abro mão dos meus planos
Abro mão da minha vida por Ti
Abro mão dos prazeres e das minhas vontades
Abro mão das riquezas por Ti
Estou apaixonado...

A quem tenho eu no céu além de Ti?
E não á na terra quem eu queira mais que a Ti
Estou apaixonado,
Desesperado de amor


Eu estou disposto a morrer por Ti
E construirei no cume do monte um altar
E o sacrifício sou eu...
E o sacrifício sou eu.

Abro mão dos meus sonhos
Abro mão dos meus planos
Abro mão da minha vida por Ti
Abro mão dos prazeres e das minhas vontades
Abro mão das riquezas por Ti
Por Ti, Senhor, eu abro mão!

Abro mão dos meus sonhos
Abro mão dos meus planos
Abro mão da minha vida por Ti
Abro mão dos prazeres e das minhas vontades
Abro mão das riquezas por Ti
Estou apaixonado...
Estou apaixonado,
Desesperado de amor
Estou apaixonado!
Não se i o que fazer sem ti Senhor!

O que fazer, pra onde ir?
Se só tu tens a s palavras de vida eterna "

AMOUR; AMOR

"Quand je parlerais les langues des hommes et des anges, si je n`ai pas la charité, je suis un airain qui résonne, ou une cymbale qui retentit.
SI yo hablase lenguas humanas y angélicas, y no tengo caridad, vengo á ser como metal que resuena, ó címbalo que retiñe.

Et quand j`aurais le don de prophétie, la science de tous les mystères et toute la connaissance, quand j`aurais même toute la foi jusqu`à transporter des montagnes, si je n`ai pas la charité, je ne suis rien.
Y si tuviese profecía, y entendiese todos los misterios y toda ciencia; y si tuviese toda la fe, de tal manera que traspasase los montes, y no tengo caridad, nada soy.

Et quand je distribuerais tous mes biens pour la nourriture des pauvres, quand je livrerais même mon corps pour être brûlé, si je n`ai pas la charité, cela ne me sert de rien.
Y si repartiese toda mi hacienda para dar de comer a pobres, y si entregase mi cuerpo para ser quemado, y no tengo caridad, de nada me sirve.

La charité est patiente, elle est pleine de bonté; la charité n`est point envieuse; la charité ne se vante point, elle ne s`enfle point d`orgueil,
La caridad es sufrida, es benigna; la caridad no tiene envidia, la caridad no hace sinrazón, no se ensancha;

elle ne fait rien de malhonnête, elle ne cherche point son intérêt, elle ne s`irrite point, elle ne soupçonne point le mal,
No es injuriosa, no busca lo suyo, no se irrita, no piensa el mal;

elle ne se réjouit point de l`injustice, mais elle se réjouit de la vérité; I
No se huelga de la injusticia, mas se huelga de la verdad;

elle excuse tout, elle croit tout, elle espère tout, elle supporte tout. I Corintios
Todo lo sufre, todo lo cree, todo lo espera, todo lo soporta.

La charité ne périt jamais. Les prophéties prendront fin, les langues cesseront, la connaissance disparaîtra.
La caridad nunca deja de ser: mas las profecías se han de acabar, y cesarán las lenguas, y la ciencia ha de ser quitada;

Car nous connaissons en partie, et nous prophétisons en partie,
Porque en parte conocemos, y en parte profetizamos;

mais quand ce qui est parfait sera venu, ce qui est partiel disparaîtra.
Mas cuando venga lo que es perfecto, entonces lo que es en parte será quitado.
I Corinthiens
Lorsque j`étais enfant, je parlais comme un enfant, je pensais comme un enfant, je raisonnais comme un enfant; lorsque je suis devenu homme, j`ai fait disparaître ce qui était de l`enfant.
Cuando yo era niño, hablaba como niño, pensaba como niño, juzgaba como niño, mas cuando ya fuí hombre hecho, dejé lo que era de niño.

Aujourd`hui nous voyons au moyen d`un miroir, d`une manière obscure, mais alors nous verrons face à face; aujourd`hui je connais en partie, mais alors je connaîtrai comme j`ai été connu.
Ahora vemos por espejo, en obscuridad; mas entonces veremos cara á cara: ahora conozco en parte; mas entonces conoceré como soy conocido.

Maintenant donc ces trois choses demeurent: la foi, l`espérance, la charité; mais la plus grande de ces choses, c`est la charité.
Y ahora permanecen la fe, la esperanza, y la caridad, estas tres: empero la mayor de ellas es la caridad. " 1 CORINTHIENS 13.

AMOR

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.


E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece.

Não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal.

Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.

Porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos.

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor." 1 CORÍNTIOS 13

SALMO 23

SALMO 23

O Senhor é meu pastor
Nada me faltará
Deitar-me faz em verdes pastos
Guia-me mansamente a águas tranqüilas
Refrigera a minha alma;
Guia-me pelas veredas da justiça
Por amor de seu nome

Ainda que eu andasse
Pelo vale das sombras da morte
Não temerei mal algum,
porque Tu estás comigo
A tua vara e o teu cajado
Me consolam

Preparas uma mesa perante mim
Na presença dos meus inimigos
Unges a minha cabeça com óleo
O meu cálice transborda

Certamente que a bondade
E a misericórdia me seguirão
Todos os dias da minha vida
E habitarei na casa do Senhor
Por longos dias

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O REALISMO CRISTÃO

O cristão é um ser extremamente realista. Conhece a existência humana em sua dialética, distendida entre o bem e o mal, o pecado e a graça, a esperança e o desespero, o amor e o ódio, a comunicação e a solidão. Ele vive nestas duas dimensões. Sabe que, enquanto caminha, pode pender mais para um que para outro lado. Como cristão, ele se decidiu pelo amor, pela comunhão, pela esperança, pela graça. Cristo nos mostrou como devemos viver nessa dimensão. Se nos mantivermos aí, seremos felizes já aqui e para sempre. Com isso não quer se bagatelizar a dramaticidadde da existência humana. Porém temos esperança: "cofiai, eu venci o mundo" (Jo 16,33). Ele nos disse, antes de nos deixar. Depois de Cristo não poderá haver mais drama, mas somente, como no mundo medieval, os autos sacramentais. E isso porque com Cristo entrou a esperança, a certeza da vitória e a convicção segura de que o amor é mais forte que a morte.
Se nós nos mantivermos abertos a todos, aos outros e a Deus e se buscarmos colocar o centro de nós mesmo fora de nós, então estamos seguros: a morte não nos fará nenhum mal e não haverá uma segunda morte. Já começamos a viver neste mundo o céu, entre perigos talvez, mas seguros de que estamos no caminho certo e já na casa paterna.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O APOSTOLO PAULO DISSE: DEUS, SEU AMOR ME CONSTRANGE

Que extraordinária tolice se comete defendendo o cristianismo, como se trai assim o restrito conhecimento do homem, e como essa tática, ainda que inconsciente, tem, subrepticiamente, partida ligada com o escândalo, fazendo do cristianismo uma coisa tão lamentável, que afinal é necessário advogar sua causa para o salvar. Isso é tão verdade que o primeiro inventor na cristandade duma defesa do cristianismo é de fato um outro Judas. Ele também trai com um beijo, mas é o beijo da estupidez. Advogar desacredita sempre. Suponhamos alguém que possui um armazem cheio de ouro e que queira dar todos os seus ouros aos pobres mas se cai ao mesmo tempo na estupidez de começar a sua caridosa empresa com um discurso, demonstrando em três pontos tudo que ele tem de defensável, nada mais é preciso para que seja posta em duvida a caridade de seu gesto. E o cristianismo então? Declaro incrédulo aquele que o defenda. Se crê, o entusiasmo da sua fé nunca é uma defesa. È sempre um ataque, uma vitória. Um crente é um vencedor.
Dessa maneira se passam as coisas com o cristianismo e o escândalo. Devido a isso a possibilidade do escândalo está bem presente na definição cristã do pecado. Está no: frente a Deus. Um pagão, o homem natural, reconheceriam sem dificuldade a existência do pecado, mas este: frente a Deus, sem o qual no fundo o pecado não existe, para eles é ainda demasiado. A seus olhos, é dar excessiva importância á existência humana. Um pouco menos de importância ainda admitiriam... mas o excesso é sempre demais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O DESEPERO HUMANO

Ao lado do desespero que ás cegas se embrenha no infinito até a perda do eu, existe um de outra espécie, que se deixa como que frustrar do seu eu por "outrem". A contemplar as multidões a sua volta, a encher-se com ocupações humanas, a tentar compreender os rumos do mundo, este desesperado esquece-se de si mesmo, esquece seu o seu nome divino, não ousa crer em si mesmo e acha demasiado ousado sê-lo e muito mais simples e seguro assemelhar-se aos outros, ser uma imitação servil, um número, confundido no rebanho.
Esse tipo de desespero passa completamente despercebido. Perdendo assim o seu eu, um desesperados dessa espécie adquire uma aptidão sem-fim para ser bem visto em toda parte, para se elevar na sociedade. Aqui, nenhuma dificuldade, aqui o eu e sua infinitização deixaram de ser um entrave. Polido como um seixo, o nosso homem gira de um lado para o outro como moeda corrente. Bem longe de o tomarem por um desesperado, é precisamente um homem como a sociedade o quer. De modo geral a sociedade ignora, e isso explica-se, quando há motivo para recear. Esse desespero, que facilita a vida ao invés de a entravar, não é, naturalmente, tomado como desespero. Essa é a opinião da sociedade, como se pode ver pela maioria dos provérbios, que nada mais são do regras de prudência. Dessa maneira, o ditado que diz a palavra é de prata, o silêncio é de ouro. Por que? Porque as nossas palavras, como fato material, podem trazer-nos dissabores, o que é uma coisa real. Como se calar-se fosse uma coisa de nada! Quando é o maior dos perigos! O homem que se cala fica com efeito reduzido ao diálogo consigo mesmo e a realidade não o vem socorrer castigando-o, fazendo recair sobre ele as consequências de sua palavras. Nesse sentido não, nada custa calar-se. No entanto aquele que sabe onde há que temer, receia precisamente mais que tudo qualquer má ação, qualquer crime duma orientação interior que não deixe vestigios exteriores. Aos olhos do mundo, o perigo está em arriscar, pela simples razão de poder perder. Evitar os riscos, eis a sabedoria. Contudo, a não arriscar, que espantosa facilidade de perder aquilo que, arriscando, só dificilmente se perderia, por muito que se perdesse, mas de toda maneira nunca assim, tão facilmente, como se nada fora : a perder o que? A si mesmo. Porque se arrisco e me engano, que seja! A vida castiga-me para me socorrer. Todavia se nada arriscar, quem me ajudará? Tanto mais que nada arriscando no sentido mais lato-- o que significa tomar consciência do eu -- ganho ainda por cima todos os bens deste mundo -- e perco o meu eu.
Deste modo é o desespero do finito. Um homem pode, com ele, levar perfeitamente uma vida temporal, humana em aparência, tendo os louvores dos outros, as honras, a estima e todos os bens terrestres. Porque o século, como é costume dizer-se, não se compõe somente de pessoas dessa espécie, ou seja, devotadas ás coisas do mundo, sabendo usar os seus talentos, acumulando dinheiro, hábeis em prever etc. Seu nome talvez passe á história, mas terão sido na verdade eles mesmos? Não, porque espiritualmente não tiveram eu, um eu pelo qual tudo arriscassem, porque estão absolutamente sem eu perante Deus.., por mais egoistas que sejam.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CRISTO SOLITÁRIO

Não, a Vida pode odiar. Ela odeia com fervor, abertamente, visando o inimigo diretamente, sem importar-se com a própria segurança. Ela nunca cometeria um assassinato pelo simples prazer de matar ou para enriquecer ou para vingar-se. Mas ela é capaz de matar em um combate franco e honesto.
A vida, tal como se apresenta na profundeza da alma humana, é incapaz de apegar-se de maneira vingativa e rancorosa a qualquer injustiça sofrida no paszsado. Quando o ódio é descarregado, o sol volta a brilhar como depois de uma tempestade, em perfeita harmonia com a Vida no organismo e a energia Vital na atmosfera.
A peste odeia em silêncio, ruminando e atormentada pela continua pressão do ódio, que dissimula até o momento em que a ocasião e a vitiuma se oferecem. Então ela ataca sem piedade, ,por trás do anteparo ou da moita de uma mesa bem protegida de um departamento de admnistração social.
Cristo enfrenta seus inimigos abertamente. Ele nada esconde, mas sabe quando eles se colocam em campo para preparar-lhe uma aarmadilha e é bastante inteligente para percebê-lo, apesar de sua atitude fundamental de confiança. Ele não desconfia sistematicamente mas, como um cervo, desenvolveu um sentido agudo do perigo.
O inimigo de Cristo está bem escondido e ninguém sabe o que ele está preparando. Então a situaçãoi muda. Cristo se cala, pois nada tem para opor á raiva assassina da peste; a peste ocupa o primeiro plano e atrai toda a atençaõ pública. Seus instrumentos para assassinar estão prontos. Criusto é torturado´para satisfazer instintos sanguinários do público. E a verdade, tendo perdido sua morada, chora uma vez mais.

SOLITÁRIO

SOLITÁRIO E SÓ ESTOU---
MAS RICO E NO MEIO DE TODOS ELES
O SILÊNCIO ENVOLVE MEUS DOMINIOS,
MAS, EM CADA PALAVRA DELES, ES ESTOU,.
OH, DAI-ME UM AMIGO
QUE NÃO PEÇA
] A INFINITA SEGURANÇA DO MEU NOME.
QUE AJUDE A LEVAR ATÉ O FIM MINHA LUTA
PELA CRIANÇA QUE VIRÁ.
QUE NÃO TENHA IMPRESSA
EM SEU ROSTO, A PESTE,
NEM DESESPERO NO OLHAR.
QUE VENHA JOGAR LIMPO NESTE JOGO
DE VISÃO ATRAVÉS DA BRUMA,
DE ESPERANÇA NO DESESPERO
E DE CORAGEM NO MEDO.
dENTRO, AINDA QUE FORA--
PENETRANDO A MÁSCARA DO IMPOSTOR,
PARA DESCOBRIR A ESPERANÇA NO HOMEM SIMPLES.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

RESPOSTA SIMPLES

Numa sociedade cheia de gente sofisticada que despreza a religião, um profeta sisudo teria muito menos impacto do que um bobo da corte. Olhe aqui um bom método: Para responder ao cético arrogante, não adianta insistir que deixe de duvidar. È melhor estimulá-lo a continuar a duvidar, pra duvidar um pouco mais, para duvidar cada dia mais das coisas novas e loucas do universo, até que, enfim, por alguma estranha iluminação, ele venha a duvidar de si próprio.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O SIGNIFICADO DA ENTREGA

Essa idéia de entrega não agrada a maioria das pessoas. Elas são muito fatalistas. acham que se aceitarem as coisas como elas são, não precisarão fazer esforços para melhorá-las.Acham que o significado do progresso tanto em suas vidas pessoais quanto em coletividade, ´de não aceitarem as limitações do presente e se empenharem para ir além, para superá-las e criar coisas melhores. Se não tivessem agido assim, ainda estariam vivendo em cavernas. Como conciliar essa entrega com a mudança e a realização das coisas?
Para muitas pessoas, a entrega talvez tenha conotações negativas, como uma derrota, uma desistência, uma incapacidade de se reerguer das ciladas da vida, certa letargia, etct. A verdadeira entrega, entretanto, é algo completamente diferente. Não significa suportar passivamente uma situaçao qualquer que nos aconteça e não fazer nada a respeito, nem deixar de fazer planos ou de ter confiança para começar algo novo.
A entrega é a sabedoria simples mas profunda de nos SUBMETERMOS e não nos OPORMOS ao fluxo da vida. O único lugar em que podemos sentir o fluxo da vida é no AGORA. Isso significa que se entregar é aceitar o momento presente sem restrições e sem nenhuma reserva. È abandonar a resistência interior daquilo que É. A resistência interior acontece quando dizemos "não" para aquilo que É, através do nosso julgamento mental e de uma negatividade emocional. Isso se agrava especialmente quando as coisas "vão mal", o que significa que há um espaço entre as exigências ou expectativas rigidas de nossa mente e aquilo que É. Esse é o espaço do SOFRIMENTO.Se você já tiver vivido bastante tempo, certamente saberá que as coisas "vão mal" com muita frequência. É precisamente nesses momentos em que a entrega tem de ser praticada, caso queiramos eliminar o sofrimento e as mágoas da nossa vida. A aceitação daquilo que É nos liberta imediatamente da identificação com a mente e nos religa com o SER. a resistência é a mente.
A entrega é um fenômeno puramente interior. Isso não quer dizer que não possamos fazer alguma coisa no campo exterior para mudar a situação. Na verdade, não é a situação completa que temos que aceitar quando falo de entregar, mas apenas o segmento minúsculo chamado AGORA.
Por exemplo, se você estiver atolado na lama, não tem de dizer "Está bem, me conformo de estar atolado nessa lama". Resignação não quer dizer entrega.Você não precisa aceitar uma situação indesejável ou desagradável na sua vida. Nem precisa se iludir e dizer que não tem nada errado em estar atolado na lama. Nada disso. Você tem completa consciência de que deseja sair dali. Então reduz a sua atençao ao momento presente, sem atribuir a essa situação nenhum rótulo mental. Isso significa que não existe nenhum julgamento do AGORA. Em consequência, não existe nenhuma resistência, nenhum negatividade emocional. Você aceita a "existência" do momento. A seguir, toma uma atitude e faz o que puder para sair da lama. Chamo essa atitude de ação positiva. Funciona muito mais do que uma ação negativa, que decorre da raiva, do desespero ou da frustração. Até que alcance o resultado desejado, você continua a praticar a entregar ao se abster de rotular o AGORA.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O SORRISO DE DEUS

Deus atua em resposta á oração, mas com intrigante imprevisibilidade.(È óbvio que a maioria de nós também ora com intrigante imprevisibilidade.).No entanto, recapitule as alternativas. Deus poderia atuar sozinho, ignorando a nós e nossas orações. Ou então´poderia deixar tudo em nossa mãos, sem se envolver diretamente com a história humana.A primeira opção contraria toda a motivação por trás da ação de seres pessoais criados á imagem de Deus; a segunda é assustadora demais para pensarmos nela.
Temos , em vez disso, um relacionamento com Deus baseado numa negociaçao constante. Informamos a Deus o que achamos que se deveria fazer no mundo, e nesse processo Deus nos lembra de nosso papel nesse plano. Raramente conseguimos tudo que desejamos, e imagino que o mesmo vale para Deus.
Os caminhos da atuação divina quase nunca seguem uma linha reta, o que significa que nossas orações podem muito bem produzir respostas diferentes das esperados. Por uma razão qualquer--- senso divino de ironia, poderes espirituais antagônicos, vicissitudes de um planeta decaido--, as orações são atendidas de maneiras que não podemos prever ou iimaginar.
Cada ator dezembrino recita, nas encenações de Natal, as respostas exultantes de duas primas, a idosa infértil Isabel e a jovem virgem Maria, quando cada uma fica sabendo de sua inesperada gravidez. Como Maria deve ter reavaliado sua grande oração, o MAGNIFICAT, quando viu Jesus crucificado pelos próprios governantes que ela esperava ver derrotados por ele? E o marido de Isabel, Zacarias, que havia profetizado salvação das mãos "dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam": que pensou ele quando viu o filho João crescer e transformar-se num dissidente comedor de insetos, mais tarde decapitado por um daqueles inimigos? As duas famílias moravam com fervor, e nenhuma das duas recebeu a resposta esperada.
Acontece que uma oração não atendida pode abrir a porta para algo melhor. Durante quinze anos, Mônica orou pelo filho Agostinho, enquanto ele satisfazia sua sensualidade e investigava filosofias exóticas. Quando Agostinho finalmente se converteu, foram exatamente essas experiências que conferiram profundidade e riqueza aos seus escritos,, permitindo-lhe estabelecer a rota do pensamento cristão para séculos adiante. Certa vez Mônica, orou a noite inteira para que Deus impedisse o filho de viajar para a depravada Roma, mas este a enganou e partiu. Foi nessa viagem que Agostinho se tornou cristão. Refletindo sobre isso mais tarde, ele disse que Deus se negou a ouvir sua mãe uma vez para que pudesse conceder-lhe o que ela lhe pedira em suas orações a vida inteira.

domingo, 14 de setembro de 2008

ORAÇÕES

Muitos pastores conhecem a experiência de voltar para casa domingo á tarde sentindo-se totalmente fracassados, até que ouvem um membro da igreja dizer que o culto daquela dia foi para ele mais significativo que qualquer outro. Talvez Deus veja as orações da mesma maneira. Como escreveu C.S. Lewis:
" Sou da opinião de que as orações que parecem as piores podem de fato ser, aos olhos de Deus, as melhores. Refiro-me áquelas que se apóiam menos em sentimentos de devoção e lutam contra a maior aversão. Pois essas, possivelmente, sendo quase só vontade, provém de um nivel mais profundo que o sentimento.

ORAÇÃO E PERSONALIDADE

A posição prostrada na oração lembra o vassalo diante de um déspota asiatico absoluto: "O vassalo atirava-se por terra perante o soberano, apresentando o pescoço desprotegido para execução ou perdão, e reduzia-se á máxima pequenez". De maneira semelhante, ajoelhar-se expressa desamparo e humildade, e ficar de mãos postas mostra que elas estão desarmadas. Perante Deus, essa postura pode ser apropriada. No entanto, os primeiros cristãos ficavam em pé, de cabeça erguida e os olhos bem abertos, numa atitude de expectativa e prontidão para receber. São homens e mulheres livres. Jesus ergui quem quer que se aproximasse dele humilhado, curvado, estropiado. Eles olhava-no nos olhos, caminhavam, podiam amar novamente. A cura ´so começa quando nos pomos de pé, respiramos fundo, erguemos as mãos acima da cabeça e, de olhos abertos, provamos a vinda do Espirito que vivifica.

ORAÇÃO

As pessoas muitas vezes se queixam de "distrações" durante a oração. A mente se desgarra, fixando-se em outras coisas. O que quase sempres se deve ao fato de você pedir alguma coisa que realmente não deseja muito; você acha que seria apropriado, respeitável e "religioso" querer aquilo. Então, motivado por principios, ora por coisas grandes, porem distantes, como a paz na Irlanda do Norte, ou então para que sua tia melhore da gripe, quando de fato você não se preocupa muitos com essas coisas-- talvez devesse, mas não se preocupa. E assim, sua oração é rápidamente invadida por distrações que nascem daquilo que você realmente quer-- uma promoção, por exemplo. As distrações são quase sempre suas carências reais invadindo a oração pelo fato de você apresentar apenas necessidades fajutas. Se você está distraido, identifique a distração em seus desejos reais e concentre neles a oração. Quando você ora por aquilo que de fato quer, não há distrações. Gente que está num navio afundando não se queixa de distrações durante a oração.

sábado, 13 de setembro de 2008

ENCONTRAR DEUS POR SOFRIMENTO OU POR ENTREGA?

As pessoas que dizem ter encontrado Deus através de um sofrimento profundo. Na verdade essas pessoas não encontraram Deus através do sofrimento, porque sofrimento supôe resistência. Elas encontraram Deus através da entrega, da completa aceitação daquilo que é, aonde chegaram por força do sofrimento intenso por que passaram. Elas devem ter percebido, em algum momento, que eram elas que geravam o sofrimento.
Como a resistência é inseparável da mente, o abandono da resistência- a entrega - é o fim da atuação dominadora da mente, do impostor fingindo ser "você", o falso deus.Todo julgamento e toda a negatividade se dissolvem.De repente, surge uma grande serenidade dentro de você, uma imensa sensação de paz. E dentro dessa paz existe uma grande alegria. E dentro dessa alegria existe amor. E lá no fundo está o sagrado, o incomensurável, o que não pode ser nomeado.
Não chamo isso de encontrar Deus, porque como se pode encontrar o que nunca foi perdido, a própria vida que é você?
O caminho da cruz é o velho caminho para a iluminação, e até recentemente era o único caminho. Mas não o rejeite nem subestime sua eficácia. Ele ainda funciona.
O caminho da cruz é uma INVERSÃO COMPLETA. Significa que a pior coisa na sua vida, a sua cruz, se transforma na melhor coisa que já aconteceu, ao forçar você para a entrega, para a "morte", ao forçar você a se tornar nada, a se tornar como Deus, porque Deus também é coisa nenhuma.

MUITO ALÉM DA FELICIDADE E DA INFELICIDADE EXISTE A PAZ

A felicidade depende de circunstâncias consideradas positivas, ao passo que a paz interior não precisa delas.
Você pode afirmar, com certeza, o quer é positivo e o que é negativo? Já fez o levantamento completo? Muitas pessoas devem ter aprendido bastante com as suas próprias limitações, seus fracassos, suas perdas, suas doenças e sofrimentos. Tudo isso ensinou-as a se desfazer das imagens falsas que tinham de si mesmas, dos desejos e objetivos superficiais ditados pelo ego e lhes deu profundidade, humildade e compaixão. Fez delas pessoas reais.
Sempre acontece alguma coisa negativa, há sempre uma lição embutida, embora nem sempre se perceba isso na hora. Uma doença ou um acidente pode mostrar o que há de real ou irreal em uma situação, aquilo que é importante e o que não é.
De uma perspectiva mais elevada, as circunstâncias são sempre positivas.Para ser mais preciso, elas não são positivas nem negativas. São do jeito que são.E quando aceitamos as coisas como são, o "bem" ou o "mal" deixam de existir em nossas vidas.Só o que existe é um bem supremo, que inclui o "mal". Mas, pela perspectiva da mente, existe o bem e o mal, o igual e o diferente, o amor e o ódio. È por isso que no Livro do Gênesis está escrito que Adão e Eva não tiveram mais permissão para habitar o "paraiso" quando "comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal".

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CRISTO: A REALIDADE DA SUA DIVINA PRESENÇA

Não se apegue a uma única palavra. Você pode substituir "Cristo" por presença, se achar mais significativo.Cristo é a essência de Deus dentro de nós ou o nosso Eu interior, como ás vezes é chamado no Oriente.A única diferença entre Cristo e presença é que Cristo remete á nossa existência divina sem se importar se estamos ou não conscientes dela, ao passo que a presença significa a nossa divindade vigilante ou a essencia de Deus.
Se admitirmos que não há passado nem futuro em Cristo, poderemos esclarecer muitos mal-entendidos e falsas crenças sobre Ele. Dizer que Cristo foi ou será é uma contradição. Jesus foi. Foi num homem que viveu há dois mil anos e exerceu a sua divina presença, a sua verdadeira natureza. Suas palavras foram:"Antes que Abraão existisse, Eu sou". Ele não disse: "Eu já existia antes de Abraão ter nascido". Isso significaria que Ele ainda estaria dentro da dimensão do tempo e da identidade da forma.As palavras EU SOU utilizadas em uma frase que começa no tempo passado indicam uma mudança radical, uma descontinuidade na dimensão temporal. È uma afirmação, ao estilo ZEN, de grande profundidade. Jesus tentou transmitir diretamente, e não através de divagações, o significado da presença, de auto realização. Ele foi além da dimensão da consciência governada pelo tempo e penetrou no dominio da eternidade.Foi assim que a dimensão de eternidade surgiu neste mundo. A eternidade não significa tempo sem fim, mas sim tempo nenhum. Assim, o homem Jesus se tornou Cristo, um veiculode pura consciência. E qual é a própria definição de Deus na Biblia? Será que Deus disse: "Eu fui e sempre serei? Claro que não. Isso teria conferido realidade ao passado e ao futuro. Deus disse: 'EU SOU O QUE SOU'. Aqui não existe o tempo, só a presença.
A "segunda vinda" do Cristo é uma transformação da consciência humana, uma mudança do tempo para presença, do pensamento para a consciência pura, e não a chegada de algum homem ou de alguma mulher. Se "Cristo" estivesse para chegar amanhã, revestido de alguma forma externa, o que ele ou ela poderia nos dizer além do seguinte:"Eu sou a Verdade. Eu sou a Divina Presença. Eu sou a Vida Eterna. Estou dentro de você. Estou aqui. Eu sou o AGORA".

A NATUREZA DA COMPAIXÃO

Tendo ultrapassado as fronteiras construidas pela mente, você passa a ser como um lago profundo.Sua situação de vida e o que acontece no mundo exterior são a superficie do lago, ás vezes calmo, ás vezes cheios de ondas por causa do vento, conforme o periodo e as estações.Lá no fundo, porém, o lago é sempre sereno. Você é esse lago por inteiro, não apenas a superficie, e está em contato com sua própria profundidade, que permanece absolutamente serena.Você não reage a uma mudança ao se apegar mentalmente a qualquer situação. A sua paz interior não depende dela. Você se fixa no Ser-imutável, eterno, imortal,- e não é mais dependente da satisfação ou da felicidade do mundo exterior, das formas constantemente flutuantes. Você pode desfrutá-las, brincar com elas, criar novas formas, apreciar a beleza de todas. Mas não tem mais necessidade de se apegar a nenhuma delas.Quando você consegue se desprender desse jeito, não significa que também se distancia dos outros seres humanos.
Pelo contrário. Enquanto você não está consciente do Ser, a realidade dos outros seres humanos vai causar uma ilusão, porque você ainda não encontrou a sua realidade. A mente vai gostar ou não da forma deles, não só do corpo, mas também da mente deles.O verdadeiro relacionamento só é possivel quando existe uma consciência do Ser. A partir do Ser, você vai perceber o corpo e a mente da outra pessoa como se fosse uma tela, por trás da qual você pode sentir a verdadeira realidade deles, como você sente a sua. Assim, ao se confrontar com o sofrimento de outra pessoa ou com um comportamento inconsciente, você fica presente e em contato com o Ser e, desse modo, é capaz de olhar além da forma e sentir o Ser radiante e puro da outra pessoa. No nivel do Ser, todo sofrimento é visto como uma ilusão, uma consequência da identificação com a forma. Milagres de cura ás vezes acontecem através dessa descoberta, através do despertar da consciência do Ser nos outros - se estavam prontos.
ISSO É COMPAIXÃO.
Sim. A compaixão é a consciência de uma forte ligação entre você e todas as criaturas.Mas existem dois lados da compaixão, dois lados dessa ligação. De um lado, como ainda estamos aqui como um corpo fisico, partilhamos a vulnerabilidade e a mortalidade de nossa forma fisica com todos os outros seres humanos e todos os seres vivos. Na próxima vez que disser "NÃO TENHO NADA EM COMUM COM ESSA PESSOA",lembre-se de que você tem muitas coisas em comum. Daqui a alguns anos - dois ou setenta, não faz muita diferença -, os dois terão corpos apodrecidos, depois serão pó, depois nada restará. Isso é uma percepção humilde e sensata que não deixa muito espaço para o orgulho. Isso é um pensamento negativo? Não, apenas um fato. Por que fechar os olhos para isso? Nesse sentido há uma completa igualdade entre você e as outras criaturas.Uma das mais poderosas práticas espirituais é meditar profundamente sobre a mortalidade das formas fisicas, inclusive da sua.Isso se chama: MORRER ANTES QUE VOCÊ MORRA.Vá fundo nsss. A sua forma fisica está se dissolvendo, é nada. Então surge um momento quando todas as formas mentais ou pensamentos também morrem. Mas você ainda está lá - a presença divina que você é, radiante, completamente consciente. Nada que é real morre de verdade, somente os nomes, as formas e as ilusões.
A realização dessa dimensão eterna, a nossa verdadeira natureza, é o outro lado da compaixão. Em um nivel mais profundo, podemos reconhecer agora não só nossa própria imortalidade, mas também a de todas as outras criaturas. No nivel da forma, partilhamos mortalidade e a precariedade da existência. No nivel do Ser, partilhamos a vida eterna e radiante. Esses são dois aspectos da compaixão. Na compaixão, os sentimentos de tristeza e de alegria, aparentemente opostos, se fundem em um só e se transformam em uma profunda paz interior. ISSO É A PAZ DE DEUS. È um dos mais nobres sentimentos de que os homens são capazes e possui um grande poder de cura e transformação.Mas a verdadeira compaixão, como acabei de descrever, ainda é rara. Ter uma profunda empatia pelo sofrimento de um outro ser exige um alto nivel de consciência, mas representa apenas um lado da compaixão. Não é completo. A verdadeira compaixão vai além da empatia ou da simpatia. Não acontece até que a tristeza se mistura com a alegria, a alegria do SER além da forma, a alegria da vida eterna.

sábado, 6 de setembro de 2008

BUSCA DO EGO PELA PLENITUDE

Um aspecto do sofrimento emocional, dentre outros, é uma profunda sensação de falta, de incompletude, de não se sentir inteiro. Em algumas pessoas isso é consciente, em outras, não. Quando estou consciente, a pessoa tem uma sensação inquietante de que não é respeitada ou boa o bastante. Na forma inconsciente, essa sensação se manifesta indiretamente como um anseio, uma necessidade ou uma carência intensa. Em ambos os casos, as pessoas podem acabar buscando compulsivamente uma forma de gratificar o ego e preencher o buraco que sentem por dentro. Assim , empenham-se em possuir propriedades, dinheiro, sucesso, poder, reconhecimento ou um relacionamento especial, para se sentirem melhor e mais completas. Porém, mesmo quando conseguem todas essas coisas, percebem que o buraco ainda está alí e não tem fundo. As pessoas vêem, então, que estão realmente em apuros, porque não podem mais se enganar. Na verdade, elas continuam tentando agir como antes, mas isso se torna cada vez mais difícil.
Enquanto o ego dirige a nossa vida, não conseguimos nos sentir a vontade, em paz ou completos, exceto por breves periodos, quando acabamos de ter um desejo satisfeito. O ego precisa de alimento e proteção o tempo todo. Tem necessidade de se identificar com coisas externas, como propriedades, status social, trabalho, educação, aparência fisica, habilidades especiais, relacinamentos, história pessoal e familiar, ideais politicos e crenças religiosas. Só que nada disso é você.
Levou um susto? Ou sentiu um enorme alivio? Mais cedo ou mais tarde, você vai ter que abrir mão de todas essas coisas. Pode ser dificil de acreditar, e eu não estou aqui pedindo a você que acredite que a sua identidade não está em nenhuma dessa coisa. Você vai conhecer por si mesmo a verdade, lá no fim, quando sentir a morte se aproximar. Morte significa um despojar-se de tudo o que não é você.. O segredo da vida é " morrer antes que você morra" - e descobrir que não existe morte.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

TRANSGRESSÃO E CRESCIMENTO

Temo muito mais as boas ações que me acomodam do que á más ações que me horrorizam.
A experiência humana é marcada pela alternância de estados despertos e de torpor.Construído-nos a partir dos acampamentos que fazemos e do levantar dos mesmos. Mas o que quer se frisar é a importância de se "horrorizar", que é um dos sinais de percepção dos lugares estreitos.Quem não se horroriza perde a capacidade de detectar a estreiteza. Nossa insensibilidade se beneficia daquilo que não rompe, das ditas "boas ações" que não ferem os códigos da moral animal.Cada vez que fazemos o esperado, reforçamos um padrão humano automático de torpor. Existe em nós uma tendência de querer agradar a nós, aos outros e á moral de nossa cultura.
Com isso vamos gradativamente nos perdendo de nós mesmos. E o despertar é a capacidade de perceber situações horriveis em nossas vidas, tanto no plano particular como no social cultural. Desse horror surge uma nova forma de ser, uma nova forma de "familia", uma nova forma de "propriedade e uma nova forma de "tradição". A imutabilidade do ser e da familia, da propriedade e da tradição é a proposta desesperada de negar a natureza humana, que é mutante e requer novas formas de "moral".
Entre uma mortal e outra o ser humano volta a se despir e, desperto, se recorda de sua alma. A esse despertar se referi o maguid de Mezeridz: "Um cavalo que se sabe cavalo não o é. Esse é o árduo trabalho do ser humano: aprender que não é um cavalo."
A alma se faz perceptivel no despertar e no horror. Em ambos os casos ele se volta para a reconstrução do passado. Para este, por sua vez, ela é sempre imoral e perigosa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

PARADOXOS

O ser humano é talvez a maior metáfora da própria evolução, cuja tarefa é transgredir algo estabelecido.
Antes mesmo de conhecer a consciência e de se perceber nu, ou seja, um animal moral, o ser humano deparou com uma dimensão de sí capaz de transgredir e provavelmente projetada para isso. Essa dimensão, como muito bem aponta o texto bíblico, se origina na mais pura natureza animal(a cobra) e escolhe a mulher como o meio mais propício para plantar a semente da transgressão e repassá-la ao homem para que, juntos, transgredissem. Na verdade, ess parceria no processo de transgredir se inicia no próprio Criador, que implanta uma espécie de PRIMEIRA CONSCIÉNCIA (consciência a priori)através de uma proibição. A distinção entre a visão da psicologia evolucionista e a perspectiva bíblica é que o mundo dos animais, o mundo dos corpos e anatomias, não só possui um mandamento positivo no paraiso-multiplicar--como também um negativo--não se nutrir de determinada ramificação da própria natureza. È interessante notar que quando o Criador comanda, está em sua mais plena função de estabelecer diretrizes ao que cria; quando proibe, no entanto, abre a porta para uma dimensão de co-criação.
Admitir que é possivel para criatura fazer algo que não pode é chamá-la a criar junto, seja pela obediência ou pela transgressão. Perceba-se que mesmo a obediência ao que é proibido é distinta da obediência ao que é comandado. Obedecer ao proibido por opção é de ordem evolucionária, como também a transgressão.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

ABORDAGEM SOBRE ORAÇÃO

1) Na oração, a verdadeira relação não acontece quando Deus ouve aquilo pelo que se ora,mas quando a pessoa que ora continua orando até ser ela quem ouve , quem ouve o que Deus quer.

2)"Proceda lentamente ao orar", adverte-nos Eugene Peterson. "Orar nos faz correr o risco de nos envolvermos com as condições de Deus...Orar com muitissima frequência não nos proporciona o que queremos, e sim o que Deus quer, algo muito diferente daquilo que concebemos ser de nosso maior interesse. Quando percebemos o que está acontecendo, muitas vezes já é tarde para voltar atrás.

ABORDAGENS SOBRE A ORAÇÃO

1) Um pastor ensinava que experiências divinas não podem ser planejadas nem obtidas: "São espontâneos momentos de graça, quase acidentais".
-Um discipulo perguntou:
- Pastor, se a percepção de Deus é simplesmente acidental, por que me ocupo tanto dessas práticas espirituais?
- O pastor respondeu:
- Para estarmos predispostos aos acidentes o máximo possível.

2) Um cristão japonês contou que numa de suas visitas aos Estados Unidos ficou chocado com a objetividade das orações dos americanos. "O americano, ao orar", disse ele, "parece alguém que vai ao Burger King e pede 'o maior hamburguer, bem passado, mas sem pikles nem alface--com ketchup extra, por favor'".O japonês parece mais com aquele turista que entra num restaurante estrangeiro e lê o menu. Depois dá a entender, com gestos e referências a frases de um livrinho para turistas, que gostaria de provar o prato da casa.Essa abordagem oriental á oração, sugere o japonês, envolve mais confiança, bem como mais suspense e aventura. Você nunca sabe o que vão lhe trazer, pois quem decide é seu anfitrião. As duas culturas têm algo a aprender uma com a outra acerca dos pedidos de oração.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

BENÇÃO FRANCISCANA

Que Deus o abençoe com o desconforto
Diante de respostas fáceis, meias verdades e relacionamentos superficiais
Para que você possa viver intensamente no fundo de seu coração.

Que Deus o abençoe com a raiva
Diante da injustiça, da opressão e da exploração de pessoas,
Para que você possa trabalhar pela justiça, pela liberdade e pela paz.

Que Deus o abençoe com lágrimas
Derramadas por quem sofre dor, rejeiçao, fome e guerra;
Para que você possa estender a mão para confortá-los e
Transformar a dor deles em alegria.

E que Deus o abençoe com suficiente loucura
Para acreditar que você pode fazer uma diferença no mundo,
Para que você possa fazer o que outros dizem se poder fazer
Para trazer justiça e bondade a todos os nossos filhos e aos pobres.

AMÉM.

ORAÇÃO

O capelão de um hospital conta a história de um paciente que pediu para conversar com ele porque sentia profunda angústia. Estava nos estágios finais de um câncer e sentia muita culpa por haver passado a noite anterior xingando, delirando e blasfemando contra Deus. Na manhã seguinte, sentiu-se péssimo. Imaginava que a probabilidade de obter eterna a essa altura estava definitivamente nula, pois Deus jamais perdoaria alguém que o amaldiçoara e ofendera.
O capelão perguntou ao paciente:
--- O que é, na sua opinião, o oposto do amor?
--- Òdio ---respondeu o homem.
Com muita sabedoria, o capelão replicou:
---Não, o oposto do amor é a indiferença. Você não foi indiferente para com Deus, caso contrário não teria passado a noite falando com ele, dizendo-lhe com sinceridade o que estava em seu coração e em sua mente.Você sabe qual é a palavra cristã para descrever o que você fez? É "oração". Você passou a noite orando.

sábado, 23 de agosto de 2008

ORAÇÕES; QUESTIONAMENTOS.

As próprias orações de Jesus por seus discipulos certamente não removem "OS ELEMENTOS DESCONHECIDOS E IMPREVISIVEIS". De tempos em tempos, os Doze surpreendiam e decepcionavam Jesus com suas preocupações mesquinhas e fé inadequada. Por fim, todos acabaram abandonando-o na hora em que ele mais precisou. Mas depois, onze deles sofreram uma lenta mas contínua transformação, proporcionando uma espécie de de resposta de longo prazo á oração original de Jesus. João, um "filho do trovão", transformou-se no "apóstolo do amor". Simão Pedro, a quem Jesus censurou por recusar a idéia do sofrimento do Messias, mostrou mais tarde como fazer para que "sigam seus passos", sofrendo como Cristo sofreu. A única exceção, Judas, traiu Jesus e, no entanto, exatamente esse ato o conduziu á cruz e á salvação do mundo. DE MANEIRAS ESTRANHAS E MISTERIOSAS, A ORAÇÃO INCORPORA O DESCONHECIDO E O IMPREVISIVEL NA AÇÃO DA GRAÇA DIVINA.
Embora as orações de Jesus não apresentem uma fórmula evidente, elas dão pistas de como Deus atua --- ou não atua ---neste planeta. Especialmente quando surgem problemas, queremos que Deus interfira de modo mais decisivo, mas as orações de Jesus enfatizam o estilo reservado de Deus em respeito á liberdade humana. MUITAS VEZES DEUS DELIBERA MODIFICANDO NOSSAS DELIBERAÇÕES.

ORAÇÃO, LINDO, LINDO

" ORAÇÕES COMO PEDRINHAS
ATIRADAS CONTRA A JANELA
DO CÉU, NA ESPERANÇA DE ATRAIR
A ATENÇÃO DO SER AMADO.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

ORAÇÃO, POR QUE E PARA QUE?

Ao ler as orações biblicas (Jeremias, Jó, Davi, Habacuque) , sinto liberdade para queixar-me de que o mundo não está de acordo com o que penso a respeito dele. Acredito no amor e na justiça de Deus e, em vez disso, vejo opressão, violência e pobreza. Os maus prosperam enquanto sofrem os bons. Os lamentos biblicos lembram-me de forma sombria minhas convicções e depois trazem á luz o que está em desarmonia.
Com as orações bíblicas, aprende que Deus quer que guardemos a aliança, que lhe apresentemos pessoalmente nossas queixas. Se passo pela vida fingindo sorrir enquanto sangro por dentro, estou desonrando o relacionamento.
A obra THE HASIDIC TALES (Os contos hassidicos) conta a história de David Din, de Jerusalém, que foi interpelado por um homem que passava por uma crise de fé. Qualquer resposta que o pastor David tentei, o homem a rejeitava. Então David calou-se e simplesmente ficou ouvindo aquele palavreado delirante durante horas. Finalmente, disse:
---Por que você está tão furioso com Deus?
A pergunta chocou o homem, uma vez que ele não dissera nada a respeito de Deus.Ficou muito calado, olhou para David e disse:
---A vida inteira tive tanto medo de expressar minha raiva para Deus que sempre a dirigi para pessoas ligadas a ele. Mas até este momento eu não havia percebido isso.
David então se levantou e pediu ao homem que o seguisse. Levou-o até o Muro das Lamentações, longe do local das orações, para o lado das ruínas do templo. Chegando ao local, David dise-lhe que chegara a hora de expressar toda a raiva que ele sentia em relação a Deus.Em seguida, por mais de uma hora, o homem golpeou o KOTEL com as mãos e aos gritos esvaziou o coração. Depois disso, pôs-se a chorar e não conseguiu conter-se. Mas aos poucos seus gritos viraram soluços que viraram oração. Foi assim que David Din o ensinou a orar.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ORAÇÃO

A oração que precede todas as outras é a seguinte: 'SEJA O VERDADEIRO EU AQUELE QUE FALA; SEJA O VERDADEIRO TU AQUELE A QUEM FALO'.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

PREGAÇÃO

TODO PASTOR DEVIA COMEÇAR A PREGAÇÃO COM A SEGUINTE FRASE: DEUS, SE ESTA GENTE SOUBESSE SOBRE MIM O QUE TU SABES, ELES NÃO DARIAM ATENÇÃO A UMA SÓ PALAVRA DO QUE EU DIGO.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A QUE PONTO CHEGAMOS

Vi que o significado da vida era assegurar um sustento; seu objetivo, alcançar uma posição elevada; que o mais rico sonho de amor era casar com uma herdeira; que a bênção da amizade era auda na dificuldade financeira; que sabedoria era o que a maioria presumisse ser; que o entusiasmo consistisse em fazer um discurso; que era preciso coragem para arriscar a perder 10 dólares; que gentileza se resumia a dizer:" Seja bem vindo" á mesa de jantar; que piedade se baseasse em comungar uma vez por ano. Isso eu vi, e RI.

CARREGAR UMA CRUZ, NÃO UMA MENTIRA

Se o mundo é são, então Jesus é tão louco quanto o chapeleiro, e a Última Ceia é a festa do chá maluco. O mundo diz: Preocupe-se com sua própria vida; Jesus diz: Não existe esse negócio de sua própria vida. O mundo diz: Siga o caminho mais inteligentee seja um sucesso; Jesus diz: Siga-me e seja crucificado. O mundo diz: dirija com cuidado--- a vida que você salva pode ser a sua; Jesus diz: Quem procurar salvar sua vida, a perderá, mas quem perder sua vida por minha causa, a achará. O mundo diz: Lei e ordem; Jesus diz: Amor. O mundo diz: Tome; Jesus diz: Entregue. Levando-se em conta o que o mundo considera sanidade, Jesus é demente como um simplório. Qualquer um que pense poder segui-lo sem ser um pouco louco trabalha mais por uma ilusão que pela cruz. "Nós somos loucos por causa de Cristo.." , diz Paulo, diz a fé---a fé de que, em última análise, a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria do homem, a insanidade de Jesus mais sã que a implacável sanidade do mundo.

sábado, 9 de agosto de 2008

CULPA

"O homem é o único animal que ruboriza. Ou precisa fazê-lo" reflete Mark Twain.
Fica clara a correspondência direta entre a dor fisica e a culpa. Ambas me obrigam a prestar atenção em partes de minha vida que preferiria ignorar ou ocultar.
Os psicólogos usam a expressão "dissonância cognitiva" como um tipo de eufemismo para a culpa, um sintoma da batalha interna da pessoa que crê de uma maneira e age de outra. Por exemplo: um pastor sentirá intensa dissonância cognitiva se, em segredo, vivenciar uma paixão por uma discipula de sua igreja. Mesmo que a igreja de nada suspeita, ele não sentirá paz ou harmonia, e a mente tentará resolver essa contradição. O pastor pode perder a linha de raciocinio durante a pregação ou, digamos, deixar escapar o nome de sua paixão em hora imprópria.
`Por vezes , experimento dissonância cognitiva em meu casamento. Quando tento esconder algo de minha esposa, deixo escapar pistas, de mo totalmente inconsciente. Mesmo que tenha a melhor das intenções---por exemplo, planejar uma festa surpresa de aniversario---, vejo-me em dificuldade para enganá-la. E se fiz algo de errado e quero esconder dela, a dissonância cognitiva grita mais alto e transforma-se em culpa. Quando tento reprimi-la meu comportamento me trai, e ela sabe que algo está errado. No final das contas, a culpa incomoda-me tanto que tenho de dar o dificil passo de confessar a ela o que escondia.
Creio que uma culpa assim é essencial para um relacionamento maduro. "Amar significa jamais precisar pedir desculpas", afirmava Love Story, uma história de amor simplória da década de 1970. Não, é justamente o oposto: amar significa exatamente precisar pedir desculpas. A culpa merece minha gratidão, pois somente uma força assim tão poderosa pode empurrar-me a uma reconciliação com aqueles a quem prejudiquei.
A culpa faz-nos lembrar nossa posição, como seres morais responsáveis perante Deus. Ao reagir á culpa, o rei Davi enxergou além do prejuizo aos relacionamentos humanos e encarou seu rompimento com Deus. Como sua poesia deixa claro, Davi vigiava constantemente sua consciência, á procura de sinais de perigo em sua vida com Deus. Nosso comportamento, a forma pela qual tratamos os outros neste mundo, tem muito mais importância do que podemos ver.
Como tudo mais em nosso mundo caótico, a culpa esta sujeita a ser mal empregada.Em vez de servir de estimulo para que lidemos com o problema, ela se torna o problema. Os terapeutaas, não raro, trabalham com pessoas que têm obsessão nociva da culpa, confundindo falsa culpa com culpa verdadeira. A falsa culpa ocorre quando uma pessoa se pune por não corresponder aos padrões de outra pessoa---podem ser os pais, pode ser a igreja ou a sociedade. A verdadeira culpa ocorre quando uma pessoa não corresponde aos padrões de Deus.
Uma mística do ´seculo XIV, Dorothea de Monta, certa vez chorou durante horaas, após perceber que havia cometido o "pecado" de querer comer um pedaço de peixe temperado. Já Martinho Lutero, no inicio de sua vida de monge, desgastava seus confessores com horas de introspecção sobre pecados minúsculos e pensamentos perniciosos. "Meu filho, Deus não está zangado com você; é você que está zangado com Deus", disse, exasperado um dos confessores. Passado algum tempo, Lutero veio a admitir que seu medo de pecar demonstrava falta de fé.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

SEXO E TERNURA

Há uma cena arrepiante no romance "Notas do subterrâneo" de Dostoiévski, em que um homem do subterrâneo, um egoista perturbado, visita uma prostituta. Ele paga-lhe o dinheiro, ela desempenha seu papel, e os dois, então, ficam lá, deitados em silêncio. De repente, ele olha para o lado e vê dois olhos arregalados fitando-o. "O olhar naqueles olhos era frio, indiferente e mal-humorado, como se fosse absolutamente alheio. Fez com que me sentisse terrivelmente deprimido". Então, ocorreu-lhe que, por duas horas, não havia dito uma única palavra á criatura nua a seu lado nem pensara que isso fosse necessário.
Acontece uma conversa insólita. O homem do subterrâneo pergunta o nome da prostituta; "Liza". Pergunta sobre sua nacionalidade e seus pais. Fala sobre um funeral que havia observado naquela manhã. Faz perguntas sobre sua profissão, eles conversam sobre amor, sexo e vida conjugal.
Aos poucos, os dois, que tinham consumado O MAIS INTIMO ATO DE UNIÃO FÍSICA SEM DIZER UMA PALAVRA, torna-se humanos um para o outro. Um relacionamento cauteloso e manipulador, mas ainda assim um relacionamento, dá sinais de vida.

AMOR ROMÂNTICO

O amor romântico nos dá uma nova visão de outro ser humano, uma visão interna de sua "identidade eterna". Para o resto do mundo uma visão assim pode parecer uma ilusão. Quando nos referimos a alguém apaixonado, dizemos : "Ela é lunática", ou "O amor é cego". Os pais olham para aquele rapaz tímido e cheio de espinhas, imaginando a troco de quê a filha quer passar a noite inteira falando com ele ao telefona. "ELES TROCARAM OLHARES" diz Shakespeare.

SEXO E MIDIA

Em 2002, a Suprema Corte dos EUA determinou que o Congresso não podia declarar ilegal a "pornografia infantil virtual", que consiste em imagens geradas por computador na Internet, visto que ninguém é ferido em sua criação. A decisão deixou de lado danos causados ás pessoas que consomem essas imagens, pois o verdadeiro dano na sexualidade ocorre internamente. O sexo pode envolver nossos corpos, mas, diferentemente de funções corpóreas como a excreção, o espirro e o soluço, ele também toca nossas almas---por mais precário e delicado que seja esse toque.
Bem que eu poderia ser mais simpático a uma abordagem reducionista do sexo, se verificasse que nela são tratadas as necessidades mais profundas, e se eu percebesse que a revolução sexual aumentou o respeito entre os sexos, criou um ambiente mais carinhoso para as crianças, aplacou a dor da solidão e encorajou o relacionamento intimo. Não vi nada assim.
C.S. Lewis traçou uma breve parábola na qual se manifesta sobre o sexo:

AGORA SUPONHA QUE VOCÊ CHEGUE A UM PAÍS ONDE DÁ PARA ENCHER UM TEATRO
SIMPLESMENTE TRAZENDO PARA O PALCO UMA BANDEJA COBERTA, A QUAL VOCÊ VAI
DESCOBRINDO-A LENTAMENTE, DE FORMA QUE TODOS POSSAM VER SEU CONTEÚDO
IMEDIATAMENTE ANTES DE AS LUZES SE APAGAREM. e IMAGINA QUE ESSA BANDEJA
CONTENHA UM POEDAÇO DE CARNE DE CARNEIRO OU UM PEDACINHO DE BACON.
VOCÊ NÃO IMAGINARIA QUE TAL PAÍS TEM ALGO DE ERRADO EM SEU APETITE DE
COMIDA? E ALGUÉM QUE TIVESSE CRESCIDO EM UM MUNDO DIFERENTE NÃO PEN
SARIA QUE EXISTE, ENTRE NÓS, ALGO SEMELHANTEMENTE ESTRANHO NAS CON
DIÇÕES DO INSTINTO SEXUAL?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

SEXUALIDADE , SEXO, SEXUAL .... HOJE

Por que o sexo representa muito mais nas cidades modernas do que, digamos, nas aldeias do Amazonas? Moda de vestuário, outdoors e anúncios nas laterais dos ônibus dão á sexualidade humana uma proeminência que ela nunca alcança na selva desnuda. O'sociólogo francês Jaques Ellul vê nossa atual fixação pelo sexo como sintoma de um colapso no relacionamento intimo. Ao separar do relacionamento o ato fisico do sexo, resta-nos apenas trabalhar o aperfeiçoamento da "técnica"--- daí a proliferação de estudos sobre o sexo, manuais de sexo e videos de sexo, sendo que nenhum deles trata da verdadeira fonte de nosso sofrimento.
Eu sugeriria que rumores de outro mundo também se aplicam aquí. Muitos membros de nossa sociedade moderna têm pouca transcendência em sua vida.Evitam a igreja e acreditam que a ciência solucionou a maior parte dos mistérios do Universo. O sexo, todavia, propõe um mistério ao qual os principios comuns do reducionismo não se aplicam. Satisfaça-o, e o apetite aumenta. Nenhuma quantidade de conhecimento diminui a mágica: até um nudista se excita quando sua esposa o recebe em uma lingerie sensual.
Quando uma sociedade perde a fé em seus deuses, ou em Deus, poderes inferiores surgem para tomar o lugar. Os anseios frustrados buscam novos caminhos. "Todo homem que bate á porta de um bordel está procurando por Deus" disse G.K.Chesterton.
Na Europa e nos Estados Unidos , atualmente, o sexo mostra uma qualidade mistica quase sagrada e um poder formidável. O sexo já não indica algo além; torna-se um fim em si mesmo, um substituto para o sagrado.
Numa reportagem pela televisão sobre o Carnaval no Rio de Janeiro as câmeras davam closes em mulheres na praia, usando fio-dental, e em homens e mulheres que pelas ruas desfilavam em trajes sensuais. De alguma forma, todo esse erotismo está ligado a um feriado religioso, dizia o comentarista com riso dissimulado. A única força transcendente em evidência era uma atração visceral por aqueles corpos anônimos e sem rosto que desfilavam pela tela: SEXO COMO UM ATO DE ADORAÇÃO./
Ao mesmo tempo, não tenho conhecimento, entre os cristãos, de um fracasso maior que ao apresentar um ponto de vista convincente sobre a sexualidade. Fora da igreja, as pessoas pensam que Deus é o grande desmancha prazeres da sexualidade humana, e não seu inventor. Em uma sociedade saturada pelo sexo, até verdadeiros fiéis acham dificil aceitar que a moralidade cristã tradicional ofereça uma vida mais plena e satisfatória.Pesquisas também mostram que milhões de pessoas deixaram a igreja por se indignarem com a hipocrisia quanto ao sexo, principalmente quando padres e pastores não praticam o que pregam.Todavia, se o cristianismo faz sentido, precisa fazer sentido aqui.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

PECADO

Um santo não passa de um pecador, só que mais arrependido que a maioria de nós.

MAIS UM PARADOXO

O mal é tão mau que não podemos evitar pensar que o bem é um acaso;
o bem é tão bom que ficamos certos de que o mal pode ser explicado.

ÓTICA CRISTÃ

O lugar no mosteiro que está mais perto de Deus não é a igreja, mas o jardim. È lá que os monges ficam mais felizes.

DEUS CRIOU O HOMEM. POR QUE?

Depois que Deus criou os animais, todos os papéis principais foram assumidos, mas "o Articife Divino ainda desejava alguma criatura que pudesse compreender o sentido de uma realização tão grandiosa, que pudesse ser tocada pelo amor á sua beleza e ficar estupefata com sua magnificência". Para contemplar e apreciar todo o resto, reverenciar e consagrar, erguer uma expressão de louvor á criação muda -- foram esses os papéis reservados para ESPÉCIE FEITA A IMAGEM DE DEUS.

DESLUMBRAMENTO: NUNCA PERCA

"Amei-te tarde demais, ó beleza tão antiga e tão recente", lamente Agostinho em CONFISSÕES. Ela segue descrevendo uma época, em sua vida, na qual deixou que coisas belas o seduzissem para longe do Deus que as fez. Mais tarde, ele retorna "áquelas coisas belas" e, finalmente, segue os raios solares até sua fonte. Percebo que também devo conscientemente seguir a pista dessa fonte, devo "santificar" o mundo ao meu redor.

O ESSENCIAL É INVISIVEL AOS OLHOS

Por trás do cadáver no reservatório, por trás do ressentimento em uma relação,
Por trás da senhora que dança e do homem que bebe de forma insana,
Por trás do olhar de fadiga, da crise de enxaqueca e do suspiro,
Há sempre outra história, há mais do que nos chega aos olhos.

NÃO DEIXE DE DESLUMBRAR-SE.

A mais bela sensação que podemos experimentar é o mistério.
È a fonte de toda ciência e arte verdadeiras. Aquele a quem essa
sensação é estranha, que já não consegue deter-se perplexo e tomado
pelo espanto, é semelhante ao morto: seus olhos estão fechados.

O QUE ESTAMOS DEIXANDO PASSAR?

Toda formiga conhece o segredo de seu formigueiro, toda abelha conhece o segredo de sua colméia.
Elas o sabem de seu próprio jeito, e não do nosso jeito.
Somente a humanidade não sabe o seu segredo.

domingo, 3 de agosto de 2008

ESPIRITO E MATÉRIA

O que chamamos de espirito me parece muito mais material do que o que chamamos de matéria; sinto minha alma mais manifesta e mais sensivel que o meu corpo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

PÁGINAS DA VIDA

As páginas da vida são cheias de surpresas...
Há capitulos de alegria, mas também de tristezas,
Há mistérios e fantasias, sofrimento e decepção...
Por isso, não rasgue as páginas e nem pule capitulos
Não se apresse e descobrir os mistérios...
Não perca as esperanças...
Pois muitos são os finais felizes...

E nunca se esqueça do principal,
No livro da vida o autor

É DEUS

domingo, 27 de julho de 2008

TENHA BOM SENSO. QUE BOM SENSO?

O bom senso, embora útil para os propósitos diários, facilmente se confunde, até com perguntas simples, tais como "Onde está o arco-íris? Quando ouve uma voz num gravador, você está ouvindo o homem que fala ou uma reprodução?
Quando sente dor numa perna amputada, onde está a dor?"
Se disser que está em sua cabeça, estaria na cabeça se a perna não tivesse sido amputada? Caso concorde, então que razão tem para pensar que possui uma perna?

O CIRURGIÃO E A COMPAIXÃO

O cirurgião não nasce lambuzado com compaixão, como se fosse uma secreção resultante do seu nascimento.
Ela só chega bem mais tarde.
Não se trata de uma VIRTUDE recebida da graça, mas do murmurar cumulativo das incontáveis feridas que tratou, das incisões que fez, das chagas, úlceras e cavidades que tocou a fim de curar. No início ela é quase inaudível, um sussurro, como se saido de muitas bocas. Aos poucos se concentra, vindo da carne até que, finalmente, passa a ser um chamado real.

SHAKESPEARE

Quem rí das cicatrizes nunca foi ferido.

PROFUNDO

È uma distorção imaginar o ser humano como uma geringonça vacilante, falivel, sempre necessitando de vigilância e conserto, sempre á beira de partir-se em pedaços; esta é a doutrina que as pessoas mais ouvem e com maior eloquência em toda nossa midia informativa...O grande segredo da medicina, conhecido dos médicos mas ainda oculto do público, é que a maioria das coisas melhora por sí só.

SOREN KIERKGAARD

Com a ajuda do espinho em meu pé,
Pulo mais alto do que qualquer um com pés sadios.

PARA REFLETIR

Você compra a dor com tudo que a alegria pode oferecer,
E não morre de nada senão do desejo de viver.

sábado, 26 de julho de 2008

POEMINHA PARA TODO DIA DO CRISTÃO

LÁ SE VAI MORRENDO MAIS UM DIA
ONDE TIVE PERNAS, BRAÇOS E OLHOS
E O MUNDO INTEIRO AO MEU REDOR

LÁ SE VAI NASCENDO MAIS UM DIA

SERÁ QUE TENHO DIREITO A DOIS?

PARADOXOS DO CRISTIANISMO - as artimanhas da dor

Olhem aqui um exemplo retumbante: A Itália esteve anos e anos sob o controle da familia BORGIA, que eram extremamente sanguinários , cruéis, avassaladores dos minimos direitos dos cidadãos, um verdadeiro inferno governando os italianos por anos seguidos, e esses italianos debaixo de todo esse sofrimento nos deram: MICHELÂNGELO, LEONARDO DA VINCI E A RENASCENÇA. Em contrapartida, e vejam aí que paradoxo brutal, a SUIÇA com séculos de democracia, organização e qualidade de vida nos deu apenas o relógio CUCO. Atentem para esse exemplo e façam suas comparações.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O IMPOSTOR QUE VIVE EM MIM

Uma das causas de o impostor levar a vida de modo mediocre é a simples e velha covardia. Quando criança, eu até achava alguma justificativa para admitir uma culpa menor e evitar um castigo maior, sob a alegação de que era impotente e indefeso. Mas no outono de minha vida, fortalecido com tanto amor e afeição e calejado em juras eternas, devo dolorosamente reconhecer que ainda funciono baseado no medo. Fiquei mudo em situaçoes de injustiças flagrante. Enquanto o impostor cumpria muito bem seu papel, eu assumia uma postura passiva nos relacionamentos, sufocava a criatividade, negava meus sentimentos reais, permitia-me ser intimidado pelos outros, e então justificava meu comportamento convencendo-me que o Senhor queria que eu fosse um instrumento de paz... A QUE PREÇO?
Uma vida dedicada á sombra é uma vida de pecado. Tenho pecado por causa de minha recusa covarde---por causa do medo da rejeição--- em pensar, sentir, agir, reagir e viver o "eu" autêntico.
É CLARO QUE O IMPOSTOR REFUTA DE MANEIRA FERRENHA, QUE A RAIZ DO PROBLEMA NÃO É TÃO IMPORTANTE, E DEVERIA SER IGNORADA; QUE HOMENS E MULHERES "MADUROS" NÃO FICARIAM TÃO ABORRECIDOS POR CAUSA DE ALGO TÃO BANAL; QUE O EQUILIBRIO DEVE SER MANTIDO, MESMO QUE ISSO SIGNIFIQUE COLOCAR LIMITES IRRACIONAIS NAS ESPERANÇAS E NOS SONHOS PESSOAIS, ACEITANDO A VIDA EM SUA FORMA MAIS MEDIOCRE.
Nós nos recusamos a ser o "eu" verdadeiro até mesmo diante de Deus---e aí nos perguntamos por que nos falta intimidade com ele. O desejo mais ardente do nosso coração é a união com Deus. Desde o primeiro momento da existência, o anseio mais forte é cumprir o propósito original de nossa vida: "Vê-lo com mais clareza, amá-lo com mais ardor, segui-lo mais de perto". Somos criados para Deus, e nada menos pode nos satisfazer de fato.
C.S.Lewis pôde dizer que foi "surpreendido pela alegria", tomado por um desejo que fez "tudo o mais que já aconteceu(...) insignificante, se comparado". Nosso coração sempre estará inquieto até que descanse nele. A oração é, essencialmente, a expressão de nosso coração que anseia por amor. Não tanto a lista de nossos pedidos, mas nossa aspiração mais profunda: estar unidos com Deus da forma mais completa possivel.
Você já se sentiu bloqueado por certa resistência interna á oração? Pelo pavor existencial do silêncio, da solidão e de se ver sozinho diante de Deus? Pelo esforço que faz pela manhã, quando se arrasta da cama para louvar a Deus, movendo-se pesadamente para adorar com o torpor sacramental de um doente terminal, suportando a oração noturna com resignação estóica, sabendo que "ISSO TAMBÉM PASSARÁ?

C U I D A D O C O M O I M P O S T O R !

terça-feira, 1 de julho de 2008

"ACOMODAÇÃO" AO CRISTIANISMO

Além de evitar a fé tipo ambiente em nós, precisamos precaver-nos da atitude não raro inconsciente de nos "acomodar-mos ao Cristianismo. Essa tendência nociva progride facilmente, de modo especial em lares evangélicos.Recentemente meus próprios filhos pequenos impressionaram-me de novo com este problema. O Felipe passa pela casa pulando e cantando: "Sou feliz, feliz, feliz, feliz todo o dia porque Jesus é meu amigo". Sei que ele é feliz quase sempre, especialmente se não está de castigo. Gosto também de pensar que Jesus é seu amigo.Mas estes versos, como outros tantos hinos religiosos que começamos a ensinar aos nossos filhos pequeninos, logo que eles aprendem a falar, expressam verdades de experiência pessoal, que meu filho ainda não experimentou. Ele provávelmente não sabe de fato o que canta--- ele é muito jovem; mas nem o sabemos nós muitas vezes.
Já se observou, sabiamente penso eu, que hinos e corinhos com frequência nos levam a proferir mentiras. Cantamos as gloriosas experiências cristãs, como se fossem propriamente nossas. Muitas vezes, porém, não o são, e assim a tendência cada vez maior é a de aceitamos, como coisa normal, uma experiência que não é real em nós. Não percebemos que de fato estamos vivendo uma mentira.Assim, também, proferimos inverdades quando cantamos um hino de entrega pessoal a Deus, entrega de nossas vidas que não nos dispomos a fazer. Se não tivermos cuidado, o cabedal que herdamos de hinos evangélicos pode levar-nos a substituir "uma coisa real" por uma ficção.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

FÉ AMBIENTE

O problema da simples "fé ambiente" está infestando como praga a Igreja de Jesus Cristo. Emprego esta expressão para descrever a vida espiritual que em grande parte é o reflexo do meio em que se vive: aos domingos sempre vamos á Escola Biblica e aos cultos, onde ouvimos a exposição da Palavra de Deus. Durante a semana assistimos a reuniões de oração e delas participamos. Grande parte de nosso tempo gastamos com amigos crentes; falamos a linguagem deles. Mas resume-se nisto só a nossa vida cristã. Nada sabemos do que seja uma comunicação direta, pessoal, entre nós e o Deus vivo. Julgamos que uma misteriosa espécie de osmose nos torna "espirituais". O resultado? Quando os não-crentes olham para nós, vêem que refletimos o ambiente que frequentamos(do qual eles não participam) e nada mais além disso. E isto não os impressiona. Eles não andam atrás de ambiente. PROCURAM FÈ VIVA.
Se saimos de nossa zona de segurança---- indo á Faculdade, por exemplo---podemos tomar um choque. De súbito nos vemos diante da pequena superficialidade de nossa experiência cristã. Em universidades seculares tenho muitas vezes encontrado estudantes cujo ambiente cristão de sua intimidade, de casa ou da igreja(e talvez da escola) desaparecem. Entre eles, os que nunca aprenderam a viver cada dia com Jesus Cristo, numa relação pessoal, vertical, logo viram sua fé de segunda mão desintegrar-se. Para evitar que nos deixemos arrastar inconscientemente para uma confiança assim em ambiente(fé em base horizontal), precisamos com frequência perguntar-nos: "Existe algo em minha vida que só se explica por causa de Deus? Ou devo tudo aos meus antecedentes, ao que me rodeia, a condições presentes? Que acontecerá se, daqui a uma semana, meu ambiente ficar de todo mudado?

O QUE OS CRENTES OFERECEM AO MUNDO?

Até aqui temos encarado o nosso mundo atual e considerado as necessidades individuais dos seres humanos. Temos visto como é imperativo que conheçamos e compreendamos alguma coisa sobre esses dois pontos. Mas, se vamos ser crentes realistas, temos de encarar também com maior seriedade a dimensão espiritual, a nossa própria dimensão espiritual. Que temos a oferecer? Não faz muito tempo certa moça não-crente foi á igreja com um amigo meu. Na reunião de jovens e no culto vespertino, em seguida, conheceu vários membros da igreja e com eles falou. Voltando para casa, depois, meu amigo perguntou-lhe com naturalidade: "Que você achou?" Ela respondeu francamente, mas no tom de quem tudo observou: "Há algumas pessoas que dão para a COISA, e outras não". Na qualidade de não-crente, procurando encontrar essa "COISA" intangivel, a diferença era óbvia para ela. Os não-crentes examinam atentamente a igreja e seus membros de PER SI, para ver se de fato eles encontraram na vida uma dimensão eterna. Uma profissão de fé superficial não os convencerá; as pessoas estão á procura do fato real -- a fé genuina, VIVA. Nem sempre, no entanto, a encontram, e não por serem cegos espiritualmente. ALGUMAS VEZES É PORQUE ELA NÃO EXISTE MESMO.

sábado, 28 de junho de 2008

PARADOXOS DO CRISTIANISMO

Um cristão pode coerentemente dizer: "Eu respeito a posição social daquele homem, embora ele aceite subornos". Mas um cristão não pode dizer, como todos os modernos andam dizendo no café da manhã e no almoço: "Um homem daquela posição social não aceitaria subornos". Pois é parte do dogma cristão que qualquer homem de qualquer posição social pode aceitar subornos. È parte do dogma cristão; e acontece que, por uma curiosa coincidência, é parte da óbvia história humana.
Quando as pessoas dizem que um homem "naquela posição social " seria incorruptivel, não há necessidade de trazer o cristianismo para discussão. Na melhor das utopias, devo estar preparado para a queda moral de qualquer homem de qualquer posição a qualquer momento; devo estar preparado especialmente para minha queda de minha posição neste momento.
Muitos artigos de jornais vagos e sentimentais foram espalhados para dizer que o cristianismo é semelhante a democracia, e maior parte deles mal tem força e clareza suficientes para refutar o fato de que essas duas instituições muitas vezes brigaram entre si. O verdadeiro motivo pelo qual o cristianismo e a democracia são uma coisa só é muito mais profundo. A única idéia especial e peculiarmente anticristã é a de Carlyle: que deveria governar quem sente que pode fazê-lo.
Cristã pode ser qualquer outra coisa, isso é pagão.Se a nossa fé fizer algum comentário sobre governo, o comentário deve ser o seguinte: que deveria governar quem não achasse que pode fazê-lo. O herói de Carlyle pode dizer: "Eu serei rei". Mas o santo cristão deve dizer :"NOLO EPISCOPARI", ou seja, não quero ser bispo.
Se o grande paradoxo do cristianismo significa alguma coisa , é isto: que devemos tomar a coroa nas mãos e sair procurando em lugares áridos e cantos sombrios da terra até encontrar aquele homem que se sente inadequado para usá-la. Carlyle estava completamente equivocado. Não devemos coroar o homem excepcional que sabe que pode governar. Devemos antes coroar o homem muito mais excepcional que sabe que não pode.
Ora, esta é uma das duas ou três defesas vitais da democracia que funciona. O mero mecanismo de votação não é democracia, embora atualmente não seja fácil criar um método democrático mais simples. Mas mesmo o mecanismo de votação é profundamente cristão no sentido prático de que é uma tentativa de obter opinião daqueles que seriam modestos demais para manifestar-se. È uma aventura mistica; é confiar especialmente naqueles que não confiam em si mesmos.
Esse enigma é estritamente peculiar do cristianismo. Não há nada realmente humilde acerca da abnegação do budista: o plácido hindu é plácido, mas ele não é humilde. Mas há algo psicológicamente cristão envolvendo a idéia de procurar a opinião dos obscuros em vez de seguir caminho óbvio de aceitar a opinião dos proeminentes. Dizer que votar é particularmente cristão pode parecer um tanto curioso. Dizer que pedir votos é cristão pode parecer muito estranho. Mas pedir votos é muito cristão na sua idéia primária. È encorajar os humildes; é dizer ao modesto:"Amigo, sobe mais para cima". Ou então, se há algum ligeiro defeito no pedido de votos, defeito esse que esteja em sua perfeita e completa piedade, ´so pode ser porém essa atividade talvez deixe de estimular a modéstia de quem pede.
A aristocracia não é uma instituição: a aristocracia é um pecado, geralmente um pecado venial. È simplesmente um movimento ou deslizamento dos homens para uma espécie de afetação natural e elogio dos poderosos, o que é a coisa mais fácil
e óbvia deste mundo.
Uma das centenas de respostas á fugaz perversão da "força" moderna é que os agentes mais rápidos e ousados são também os mais frágeis ou repletos de sensibilidade. As coisas mais rápidas são as mais maleáveis. Um pássaro é ativo porque é maleável. Uma pedra não tem nenhuma chance porque é rigida. A ´pedra, por sua própria natureza, vai para baixo porque rigidez é fraqueza. O pássaro pode , por sua própria natureza, ir para cima, porque fragiliade é força.
Numa força perfeita existe uma espécie de frivolidade, uma leveza aérea que se mantém no ar. Os pesquisadores modernos da história dos milagres solenemente admitiram que uma caracteristica dos grandes santos é o seu poder de "levitação". Eles poderiam ir mais longe: uma caracteristica do grandes santos é o seu poder de leveza. Os anjos conseguem voar porque dão pouca importância a si mesmos.
Nos antigos quadros cristão o céu por sobre todas as figuras é como um pára-quedas em azul e dourado. Todas as figuras parecem prontas para alçar vôo e flutuar nos céus. A capa esfarrapada do mendigo o sustenta no ar como as raiadas plumagens dos anjos. Mas os Reis com seu ouro pesado e os orgulhosos com suas vestes de púrpura tenderão todos eles, por sua própria natureza, a descer e afundar-se, pois o orgulho não pode atingir a leveza ou a levitaçao. O orgulho é a resistência que empurra para baixo, presente em todas as coisas, para uma solenidade fácil.
A gente "se fixa" numa espécie de seriedade egoista; mas é preciso erguer-se para um alegre esquecimento de si mesmo. Um homem "se afunda" num escritório marrom; mas ele tenta alçançar um céu azul. A seriedade não é uma virtude.È fácil ser pesado, é dificil ser leve. Satanás caiu devido a força da gravidade.

sábado, 21 de junho de 2008

LAMENTÁVEL, MAS É VERDADE.

Cristo possui, como consequência de sua harmonia organismica, o poder da FÈ. Ele mantém contato com o que se passa a sua volta; tem a plena sensação de seu corpo e não carrega com ele, em segredo, uma carne frustrada e perniciosa. Ele não "tenta" as coisas, ele as FAZ. Detém toda potência da força Vital dada por Deus. Compreende os pássaros e sabe distinguir um grão de centeio de um grão de trigo.
Cristo conhece o Reino de Deus, que é o Reino da Vida e do Amor sobre a terra. Ele está bem perto, em cada flor, em cada passarinho, em cada árvore, em cada ramo de oliveira. Seus companheiros não têm consciência da presença de Deus. Não sentem a Vida. Eles trocam riquezas, entregam-se a luxúria sem conhecer o amor. Pagam pesados impostos e obedecem a imperadores estúpidos, vaidosos, vorazes, horrendos. São pessoas exploradas e dependentes no plano emocional, que se deixam enganar pelo primeiro escroque que apareça, ou que limitam a Vida á ambição gosta de se tornarem, eles próprios, imperadores . Cristo vê e conhece tudo isso e sofre por isso. Ele vem do meio dos pobres que se assemelham ás crianças, que vivem ainda na proximidade de Deus, que ainda não estão pervertidos e desnaturados, que ainda conhecem o amor. Os pobres se assemelham ás crianças, e sua maneira de conhecer e sentirécomo a das crianças. eles vivem afastados do tumulto, não se envolvem nele, ainda que o tumulto só possa existir porque eles não reagem ou não podem reagir.
Existem os Barrabases e os Macabeus, males necessários. Sem eles, nada andaria. São eles que, a golpe de espáda, lutam contra os imperadores estrangeiros.Quem, senão eles, poderia lutar e morrer nos campos de batalha? Cristo não combate os imperadores. Ele dá a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.Cristo não deseja combater César.Ele sabe que ´~ao se pode tornar senhor de César. Mas sabe também que César será esquecido com o tempo, enquanto que aquilo que Cristo sente em seu corpo, o que vibra todos os seus sentidos em unissono com o universo, governará o mundo para o bem de todos os habitantes da terra. O Reino de Deus sobre a terra, que é esse sentimento e essa vibração da Vida viva en Cristo como em todos habitantes da terra, certamente virá. Ela já existiu, certa vez. Não deixará de retornar. Isto é tão evidente, que se pode esperar de um momento para o outro. Pode-se considerar um pesadelo o fato deste Reino dos Céus na Terra ainda não ter começado. Este atraso deve ter uma razão, pois sua chegada abriria, com certeza, uma era fácil e encantadora.
Assim, Cristo não se considera, no inicio, um ser extraordinário. Ele é como é. Por que os outros não são assim? Isso está em você mesmo: basta descer ao fundo de você mesmo para encontrá-lo. Por que você o perdeu? Como isso aconteceu? Deus não abandonou seus filhos. Então, o homem deve tê-lo abandonado. Mas por que? Como? Quando e onde isso aconteceu? Até hoje, nós ignoramos. Mas Jesus sabe exatamente o que eles perderam, embora eles ignorem o que ainda têm no fundo de si mesmos. Cristo não sabe, mas aprendeu a duras penas que eles perderam o sentimento de Deus porque insistem em matá-lo a CAD segundo de cada minuto, a cada hora de cada dia do ano, através de milênios. Este é um fato tão absurdo, que se poderia duvidar de sua realidade. Por que o homem mataria a Vida em si mesmo? È absoluta monstruosidade pensar que isso seja possivel.
Mas é exatamente essa monstruosidade que constitui o dominio do adversário de Deus-Vida, do paganismo e do pecado diabólico. O homem perdeu sua liberdade há muito tempo, e não pára de apertar os nós que o mantém prisioneiro, enquanto lamenta sua triste sina e sonha com a vinda do Messias.
Os homens que haviam perdido o sentimento de Deus, começaram a juntar-se em volta de personagens que irradiavam Vida, mas que não a possuir no mesmo grau que Cristo. Eles cercavam os Cristos frustrados, os politicos de todas as épocas, para conseguir um pouco de força deles. Os Cristão frustrados eram elevados ao pedestal e gostavam de ser adulados pelas pessoas.Apreciavam a admiração que lhes testemunhavam, os elogios, os cantos, as danças em sua honra; os apelos que lhes dirigiam para que se fizessem tribunos dos fracos enchiam seus corações de conforto. Assim é que se instalaram os primeiros chefes de tribo, os Reis, os duques, os fevers, os generais, os sargentos, os Stalins, os Hitler's, os Mussolini's;e, por incrivel que pareça, levados ao poder pelo próprio povo, por razões perfeitamente racionais: OS HOMEN SENTIAM NECESSIDADE DE UMA FONTE EXTERIUOR DE ENERGIA PARA SUBSTITUIR A FORÇA INTERIOR, A FÉ E O SENTIMENTO DE SEGURANÇA QUE HAVIAM PERDIDO. Tendo perdido a espontaneidade interior de suas funções vitais, eles eram obrigados a recorrer a muletas, e esta situação não mudou até hoje. Por que ela teve que se manter durante milênios? Por que os homens não descobriram logo a causa de sua desgraça? Por que lhes era estritamente proibido atacar o mal pela raiz. Não se deve conhecer Deus e não se deve conhecer a Vida. Esta se tornou a lei mais sagrada e mais implacável da humanidade prisioneira. É INACREDITÁVEL, É RIDÍCULO, MAS É VERDADE......

quinta-feira, 19 de junho de 2008

DISSERTANDO AINDA SOBRE MILAGRES

Nossa posição é muito semelhante á dos moluscos eruditos. Os grandes profetas e santos têm uma percepção positiva e concreta de Deus no mais alto grau, pois bastou tocar a borda de Seu ser para sentirem que Ele é a plenitude de vida, de poder e de alegria. Por essa razão(e não por outra), viram-se no dever de declarar que Ele transcende aquelas limitações a que chamamos "personalidade", "paixão", "mudança", "materialidade" e coisas semelhantes. A qualidade positiva que há nele que rejeita essas limitações é o único fundamento contra todas as negativas. Contudo, á medida que prosseguimos e tentamos construir uma religião intelectual ou "iluminista, nos apropriamos dessas negativas.(infinito, imaterial, inabalável, imutável etc.) e as usamos sem o controle de qualquer intuição positiva. A cada passo, precisamos nos desvencilhar da idéia de um Deus que possui algum atributo humano. A única e verdadeira razão para remover o atributo humano, porém, é abrir espaço para substitui-lo por um atributo divino positivo. Na linguagem do apóstolo Paulo, o propósito de nos despirmos não é fazer com que nossa idéia de Deus alcance a nudez, e sim que nossa nudez seja revestida. Infelizmente, não temos meios para nos revestir. Quando removemos algumas caracteristicas humanas insignificantes de nosso conceito de Deus, não temos, por nós mesmos(simples eruditos ou pesquisadores inteligentes), como preencher aquele atributo ofuscante e concreto da Divindade que deveria ser substituido. Consequentemente, em cada etapa do processo de refinamento, nossa idéia de Deus é reduzida, e imagens funestas tomam lugar(um mar infinito e silencioso, um céu vazio e além de todas as estrelas, uma abóbada de brancura radiante). Alcançamos finalmente o simples nada e prestamos culto á não-existência. A compreensão, entregue a si mesma, dificilmente deixará de seguir esse caminho. É por isso que a declaração cristã de que somente aquele que faz a vontade do Pai conhecerá a verdadeira doutrina está filosóficamente correta. A imaginação ajuda até certo ponto, mas na vida moral e(mais ainda) na devocional, tocamos algo concreto que, ao mesmo tempo, começará a corrigir o vazio crescente de nosso conceito de Deus. Um momento, mesmo que seja de pouco arrependimento ou duvidosa gratidão, nos afastará, pelo menos um pouco, do abismo da abstração. È a própria Razão que nos ensina a não confiar somente na razão quanto a esse assunto, porque ela sabe que não pode operar sem a matéria. Quando se fica claro que não podemos descobrir pela Razão se o gato está ou não no armário, a própria Razão sussurra: "Vá e olhe.Essa não é minha função, é uma tarefa para os sentidos". O mesmo acontece aqui. Os instrumentos para corrigirmos nosso conceito abstrato de Deus não podem ser fornecidos pela Razão. Ela será a primeira a lhe dizer: "PROVE E VEJA!", pois naturalmente, já lhes terá mostrado que sua idéia é absurda. Enquanto permanecermos com os Moluscos Eruditos, poderemos nos esquecer de que, se ninguém tivesse visto mais de Deus do que nós, não temos nem sequer razão para acreditar nele como um Ser imaterial, imutável, impassivel, e tudo mais. Mesmo esse conhecimento negativo, que nos parece tão iluminado, não passa de uma lembrança que restou do conhecimento positivo de homens melhores; NÃO PASSA DE MARCAS DEIXADAS NA AREIA POR UMA ONDA CELESTIAL AO SE RECOLHER.

DAR A LUZ A UM SER HUMANO, QUE LINDO.

Quando eu conversava com meus amigos homens e o tema da conversa recaia sobre o mparto, ele diziam: " Deus privilegiou as mulheres, ao serem elas que dão a luz a uma criança, que inveja nós temos".
Pois bem, hoje eu posso afirmar em nome do amor de Deus, que o homem já pode parir! Como? Responderei:

NO MOMENTO EM QUE ELE ADOTA UMA CRIANÇA.

A HOMOFOBIA E O RACISMO

A homofobia e o racismo estão entre as questões morais mais sérias e inquietantes desta geração, e tanto a Igreja quanto a sociedade parecem nos limitar a alternativas antagônicas. A moralidade liberal de religiosos e politicos de esquerda é equivalente ao moralismo beato dos religiosos e politicos de direita. A aceitação acrítica de qualquer uma dessas linhas partidárias é uma forma de abdicação idólatra á essência da identidade como filho de Deus. Nem a delicadeza liberal nem a truculência dos conservadores focam a questão da dignidade humana, sempre vestida com farrapos.
Os filhos de Deus encontram uma terceira via. São guiados pela Palavra de Deus e apenas por ela. Todos os sistemas religiosos e politicos, tanto de direita quanto de esquerda, são obras de seres humanos. Os filhos de Deus não venderão seu direito á primogenitura por nenhum prato ensopado, seja ele conservador ou liberal. Eles se apegam a liberdade em Cristo para viver o evangelho---não se permitem contaminar pelo lixo cultural, pela imundicie politica ou pelas hipocrisias enfeitadas dos discursos religiosos.
Os que estão inclinados a entregar os gays aos torturadores não podem reivindicar nenhuma autoridade moral sobre os filhos de Deus. Durante o tempo que viveu na terra, Jesus via essas pessoas obscuras como as responsáveis pela corrupção da natureza essencial da religião. Esse tipo de religião restrita e separatista é um lugar isolado, um Èden coberto de mato, uma igreja na qual as pessoas vivem em uma alienação espiritual que as distancia de seus melhores talentos humanos.
Sempre soubemos o que estava errado conosco: a maldade, até mesmo no mais civilizado entre nós; nossa falsidade, as máscaras atrás das quais mantemos nossos reais interesses; a inveja, forma pela qual a sorte das outras pessoas pode nos aferroar como vespas; e todo tipo de calúnia, o modo como ridicularizamos uns aos outros, mesmo quando nos amamos. Tudo isso é de uma baixeza e de absurdo infantis. "Livre-se disso", diz Pedro. "Cresça na salvação. Em nome de Cristo, cresça."
A ordem de Jesus para nos amarmos uns aos outros nunca se limita á nacionalidade, ao status, á etnia, á preferência sexual ou á amabilidade inerente ao "outro". O outro, aquele que reivindica meu amor, é qualquer um a quem sou capaz de reagir, como ilustra com clareza a parábola do bom samaritano. "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?", perguntou Jesus. A resposta foi: "Aquele que teve misericórdia dele". Jesus disse: "Vá e faça o mesmo" (Lucas l0.36-37).
A insistência na natureza absolutamente indiscriminada da compaixão dentro do reino é caracteristica predominante em quase todo ensinamento de Jesus. O que é COMPAIXÃO INDISCRIMINADA?

DÊ UMA OLHADA NA ROSA. È POSSIVEL ELA DIZER: "VOU OFERECER MINHA FRAGRÂNCIA ÁS PESSOAS BOAS E NEGÁ-LAS ÁS MÁS"? OU DÁ PARA IMAGINAR UMA LÂMPADA QUE RETÊM SEUS RAIOS LUMINOSOS PARA O IMPIO QUE BUSCA ANDAR EM SUA LUZ? SÓ PODERIA FAZER ISSO SE DEIXASSE DE SER LÂMPADA. e OBSERVE O MODO INEVITÁVEL E INDISCRIMINADO PELO QUAL A ÁRVORE FORNECE SOMBRA A TODOS, BONS E RUINS, JOVENS E VELHOS, GRANDES E HUMILDES; AOS ANIMAIS, AOS HUMANOS E A TODA CRIATURA VIVENTE, MESMO AQUELE QUE PROCURA CORTÁ-LA. ESTA É A PRINCIPAL CARACTERISTICA DA COMPAIXÃO: SEU CARÁTER INDISCRIMINADO.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O EVANGELHO MALTRAPILHO

O livro o Evangelho maltrapilho de Brennan Manning , o escritor faz no inicio do livro um comentário muito interessante sobre seu público alvo, senão vejamos:

O Evangelho Maltrapilho foi escrito com um público leitor especifico em mente.
Este livro não é para os superespirituais.
Não é para os cristãos musculosos que têm john Wayne como herói, e não Jesus.
Não é para acadêmicos que aprisionam Jesus na torre de marfim da exegese.
Não é para gente barulhenta e bonachona que manipula o cristianismo a ponto de torná-lo um simples apelo ao emocionalismo.
Não é para os místicos de capuz que querem mágica na sua religião.
Não é para os cristãos "aleleuia", que vivem apenas no alto da montanha e nunca visitaram o vale da desolação.
Não é para os destemidos que nunca derramaram lágrimas.
Não é para os complacentes, que ostentam sobre os ombros um sacolão de honras, diplomas e boas obras, crendo que efetivamaente chegaram lá.
Não é para os legalistas, que preferem entregar o controle da alma a regras a viver em união com Jesus.

O Evangelho Maltrapilho foi escrito para os dilapidados, os derotados e os exauridos.
Ele é para os sobrecarregados que vivem mudando o peso da mala pesada de uma mão para outra.
È para os vacilantes e de joelhos fracos, que sabem que não se bastam de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável.
È para os discipulos inconsistentes e instáveis cuja azeitona vive caindo para fora da empada.
È para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados.
È para os vasos de barro que arrastam pés de argila.
È para os recurvados e contundidos que sentem que sua vida É UM GRAVE DESAPONTAMENTO PARA DEUS.
È para gente inteligente que sabe que é estúpida, e para discipulos honestos que admitem que são canalhas.
O Evangelho Maltrapilho é um livro que escrevi para mim mesmo e para quem quer que tenha ficado cansado e desencorajado ao longo do CAMINHO.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O ASSASSINATO DE CRISTO

Quando Cristo começou sua missão, aos trinta anos, ele não perturbava nada e nem ninguém. Ele apenas andava, cheio de graça, por entre eles e eles gostavam de olhar suas esperanças nesse espelho. O assassinato começou a se desenvolver quando a esperança começou a provocar movimento. Cristo era móvel demais. Não tão móvel no sentido de Vida viva. Ao contrário, nesse ponto ás vezes tem-se a impressão, a partir do que nos conta o evangelho, de que ele era um tanto exigente, fixando-se um pouco demais em principios. Ele tinha que ser, é claro, e logo veremos por que a Vida viva desenvolve-- e por que tem que desenvolver-- no homem, principios rigidos e seriedade exagerada, se ela pretende se colocar contra a natureza imóvel do homem.
Mas Cristo, em toda sua ingenuidade, pretendia ação. Ele se levava tão a sério quanto um cervo o faz. "Eu sou a Vida, é claro! Que mais eu poderia ser?" Assim o ouvimos falar.
Cristo se recusava a ficar em casa com seus irmãos e irmãs e com sua mãe, embora os amasse ternamente. Preferia passear pelo campo, saudar o sol que se levantava no horizonte com seu clarão róseo. Gostava de ver pessoas aqui e ali, em diferentes lugares, se bem que nunca tenha deixado a Palestina.Nada nos permite supor que Cristo, no inicio de suas peregrinações, sentisse que era um salvador da humanidade.. Mas a história de sua vida e de tudo o que sabamos da atividade hunana em geral, nos mostra que a principio ele era diferente dos outros, e que ele se sentia diferente dos outros , no sentido de que não conseguia ficar parado. Não tinha a intenção de passar o resto da vida numa bancada de carpinteiro. Amava o povo, Sentia-se benevolente para com eles. Sua familia era um campo muito restrito para sua atividae transbordante e -- temos que assumir-- para a sua visão de vida.Sabemos que sua mãe o reprovava por não se restringir mais ao âmbito da familia. Não tinha muito boas relações com seus irmãos e irmãs. Mais tarde, quando se deixou seduzir pelo papel de lider messiânico, convidadva seus discipulos a deixarem seus irmãos e irmãs, seus pais e mães para o seguirem. Ele sabia que a vida familiar compulsória impede qualquer movimento que ultrapasse seus limites.
Isto também se compreende quando se leva em conta a contradição entre a Vida em marcha e a Vida imóvel. Se a Vida é verdadeiramente Vida, ela se lança ao desconhecido, mas não gosta de caminhar sozinha. Ela não tem necessidade de discipulos, de adeptos, de submissos, de admiradores, de aduladores. O que lhe é necessário,o que não lhe pode faltar, é o companheirismo, a camaradagem, a amizade, a familiaridade, a intimidade, oi encorajamento de uma alma compreensiva, a possilbilidade de se comunicar com alguém e de abrir o coração. Não há, em tudo isso, nada de sobrenatural e extraordinário. È simplesmente a expressão da vida autência, da natureza social dos homens. Ninguém gosta ou pode viver no isolamento, sem se aariscar á loucura.
Mas esse anseio profundo pelo companheirismo tende a tornar-se amargo, quer dizer, transformar-se em uma exigência incompativel com a Vida viva, se os amigos e os companheiros ficaram ligados a suas familias a suas mulheres, a seus filhos, a seu trabalho. Todas essas ligações têm o efeito de freio sobre eles.Elas os retêm no momento em que um grande salto é necessário. Todos os grandes lideres conheceram essa dificulade. Pedem a seus fiéis que abandonem tudo e os sigam, e só a eles. Foi assim, e será sempre assim, tanto na igreja como no Fascismo Vermelho. A mesma regra se aplica a todo capitão e sua tripulação. Ela se aplica a todo chefe militar, a todo chefe de equipe encarregado de um trabvalho que exija movimento e uma grande liberdade de ação.
A diferença entre o apelo de Cristo e as exigências dos outros acima mencionados reside em que estes dispôem de unidades constituidas e organizadas segundo um esquema rigido, implicando a renúncia a toda forma de imobilismo, enquanto que Cristo não tinha, no inicio, a intenção de fundar uma igreja ou um movimento politico. Ele quer apenas cercar-se de amihgos em suas peregrinações, e descobre que eles são insignificantes, incômodos, que eles freiam e impedem sua alegria de viver. Isto não teria muita importância se seus amigos não o tivessem cativado para ser um futuro Messias. Pouco a pouco,são eles, seus amigos, que determinam as regras que os lideres lhes impôem, e nunca o inverso, a principio. Não há nada em nosso mundo social, e nada pode haver, que não seja fundamentalmente e principalmente determinado pelo caráter e comportamento do povo. Não há exceção para esta regra, não importa para onde se olhe.
Para começãr, são os amigos de Cristo, agora seus admiradores, que o induzem a exigir que eles abandonem seus familiares e suas atividades profissionais. Não porque Cristo seja excepcional em seu comportamento, mas porque a Vida viva agirá sempre, em todas as épocas, não importa em que contexto social, se ela tiver o desejo de avançar resolutamente para o desconhecido sem isolar-se na solidão.
Desta nmaneira, a vida se transforma em dominação, regra, exigência, ordem, restrição, sacrificio, assim que ela enfrenta o imobilismo da multidão, da "cultura", da "civilização", das opiniôes estabelecidas na ciência, na tecnologia, na educação, na medicina. Se todas as pessoas se movessem, não haveria razão para tudo isso. Elas gostariam de fazer seus próprios movimentos. E seriam elas e não alguns lideres ou grupos que carregariam o fardo do progresso.
A grande maioria dos homens, em qualquer época e em qualquer fase da história, nunca saiu de sua cidade natal. Alguns não viajam porque são pobres. Mas a maioria fica no mesmo lugar porque mover-se lhes é penoso. Sua energia Vital só dá para alimentar a eles e a suas familias. Apenas alguns comerciantes e alguns boêmios viajam. Somente a partir da metade do século vinte é que as viagens se tornaram um produto de consumo de massa e as pessoas começaram a ir ao "estrangeiro". Mas a imensa maioria passa verões em Nova York, Chigago ou outras cidades como essas. NãO é certo falar de povo que viaja, se apenas uma minoria o faz, porque á a maioria que determina tudo que acontece. E mesmo que todo mundo viajasse, isto não modificaria em nada a estrutura fundamental da humanidade.
Não é porque viajar é salutar e proveitoso que se nviaja hoje em dia, mas sim poruqe "está na moda", porque o vizinho olharia de lado se você não tivesse visto os mesmos paises que eles. Também se viaja porque " na Europa pode-se comprar tanto com dólares". AINDA É IMOBILISMO.
Se Cristo vai á Europa, não é porque lá o dólar compra mais coisas do que nos Estados Unidos ou vice versa. Ele vai para conhecer os povos europeus. Visita os museus como todo mundo. Mas não os visita "por visitar", ou "porque se deve ver" este ou aquele quadro. Vai simplesmente para ver a pintura.E não é isso o que geralmente se tem em mente, da mesma forma como não se abraça um homem ou uma mulher pelo simples prazer do abraço, mas para fazer filhos. ESSA ATITUDE É ESTRANHA A CRISTO.

POR ISSO ELE SERÁ E TERÁ QUE SER, ASSASSINADO NO FINAL.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A ASSINATURA DE JESUS

Em 1960 um pastor da Alemanha Oriental escreveu uma peça chamada O SINAL DE JONAS. A última cena representava o julgamento final. Todos os povos da terra estão reunidos na planicie aguardando o veredicto de Deus. Eles não aguardam pacificamente, no entanto; ao contrário, estão reunidos em pequenos grupos, conversando cheios de indignação. Um dos grupos é um ajuntamento de judeus, facção que conheceu pouca coisa além de perseguição religiosa, social e politica ao longo de sua história. Entre eles há vitimas dos campos de exterminio nazistas. Confabulando, o grupo exige saber que direito Deus tem de emitir a sentença deles, especialmente um Deus que habita eternamente na segurança do céu.
O outro grupo é formado por negros americanos. Eles também questionam a autoridade do Deus que nunca experimentou os infortúnios do homem, nunca conheceu a miséria e as profundezas de degradação humana a que eles foram sujeitos nos porões dos navios negreiros. Um terceiro grupo é composto de pessoas que nasceram de relacionamentos legítimos, tendo sido motivo de piada e de riso durante toda vida.
Centenas desses grupos estão espalhados pela planicie: os pobres, os afligidos, os maltratados. Cada grupo aponta um representante para colocar-se diante do trono de Deus e desafiar seu direito divino a emitir sentença a respeito de seus destinos imortais. Esses reúnem-se em conselho e decidem que esse DEUS remoto e distante que nunca experimentou agonia humana não é qualificado para assumir tribuna do julgamento a não ser que esteja disposto a adentrar o estado sofredor e humilhado do homem e suportar o que os homens suportam.
A redação da conclusão final deles: "DEVES NASCER JUDEU; AS CIRCUNSTÂNCIAS DO TEU NASCIMENTO DEVEM SER QUESTIONADAS; DEVES SER MAL ENTENDIDO POR TODOS, INSULTADO E ZOMBADO POR TEUS INIMIGOS, TRAIDO POR TEUS AMIGOS; DEVES SER PERSEGUIDO, ESPANCADO E FINALMENTE MORTO NUM LUGAR PÚBLICO DA FORMA MAIS HUMILHANTE".
Esta é a sentença passada a DEUS pela assembléia. O clamor ergue-se a uma altura febril enquanto aguardam resposta. ENTÃO UMA LUZ BRILHANTE E ESTONTEANTE ILUMINA A PLANICIE INTEIRA. UM POR UM, TODOS QUE EMITIRAM SUA SENTENÇA CONTRA DEUS QUEDAM-SE SILENCIOSOS. POIS GUARNECENDO O CÉU PARA TODO MUNDO VER ESTÁ A ASSINATURA DE JESUS CRISTO COM ESTA INSCRIÇÃO: "CUMPRI MINHA SENTENÇA".

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ALEGRIA E TRISTEZA (belo paradoxo)

A massa humana tem sido forçada a sentir-se alegre acerca de coisas pequenas, mas entristecer-se acerca de coisas grandes. Apesar disso(apresento o meu último dogma como uma provocação), não é natural para o homem ser assim. O homem se identifica mais consigo mesmo, é mais parecido com o homem quando a alegria é a coisa fundamental dentro dele e a dor é superficial. A melancolia deveria ser um inocente interlúdio, um estado de espirito delicado e fugaz; a pulsação permanente da alma deveria ser o louvor. O pessimismo é, na melhor das hipóteses um meio-feriado emocional; a alegria é a ruidosa labuta pela qual vivem todas as coisas.
No entanto, de acordo com a parente condição do homem na ótica do pagão ou do agnóstico, essa primeira necessidade da natureza humana nunca pode ser satisfeita.
A alegria deveria ser expansiva; mas, para o agnóstico, ela deve ser contraida, deve restringir-se a alguém bem sucedido neste mundo. A dor deveria ser uma concentração; mas, para o agnóstico, a desolação dela se espalha por uma eternidade inimaginável. Isso é o que chamo de nascer de cabeça para baixo. Pode-se na verdade dizer que o cético está de pernas para o ar, pois seus pés vão dançando virados para cima em vãos frenesis, enquanto o cérebro está no abismo.
Para o homem moderno, os céus estão realmente embaixo da terra. A expliucação é simples: ele está de ponta-cabeça, o que nconstitui um pedestal pouco resistente para apoiar-se.Mas quandoi ele houver novamente descoberto os próprios pés, saberá disso. O cristianismo satisfaz de repente e á perfeição o instinto ancestral do homem de estar virado para cima; e o satisfaz plenamente neste sentido: COM SEU CREDO A ALEGRIA SE TORNA ALGO GIGANTESCO E A TRISTEZA ALGO ESPECIAL E PEQUENO.
A abóboda acima de nós não é surda porque o universo é um idiota: SEU SILÊNCIO NÃO É O SILÊNCIO SEM PIEDADE DE UM MUNDO SEM FIM E SEM DESTINO. O silêncio que nos cerca é antes uma pequena e compassiva quietude como a súbita quietude no quarto de um enfermo. Talvez a tragédia nos seja permitida como uma espécie de comédia benigna:PORQUE A FRENÉTICA ENERGIA DAS COISAS DIVINAS NOS DERRUBARIA COMO UMA FARSA DE BÊBADOS. Podemos aceitar as próprias lágrimas mais facilmente do que poderiamos aceitar a tremenda leveza dos anjos. Assim ficamos sentados talvez num quarto estrelado e silencioso, ENQUANTO A RISADA DOS CÉUS É FORTE DEMAIS PARA OS NOSSOS OUVIDOS.
A alegria, que foi a pequena publicidade do pagão, é o gigantesco segredo do cristão.Torno a abrir o estranho livrinho do qual proveio no cristianismo; e novamente sinto-me assombrado por uma espécie de confirmação. A tremenda figura que enche os evangelhos ergue-se altaneira nesse respeito, como em todos os outros, acima de todos os pensadores que jamais se consideraram elevados.
A compaixão dele era natural, quase casual. Os estóicos, antigos e modernos, orgulhavam-se de ocultar as próprias lágrimaas. Ele nunca ocultou as suas; mostrou-as claramente no rosto aberto ante qualquer visão do dia-dia, como a visão distante de sua cidade natal. No entanto, alguma coisa ele ocultou. Solenes super-homems e diplomatas imperiais orgulham-se de conter a própria ira. Ele nunca a conteve. Arremessou móveis pela escadaria frontal do Templo e perguntou aos homens como eles esperavam escapar da danação do inferno. No entanto, alguma coisa ele ocultou. Digo-o com reverência; havia naquela chocante personalidade um fio que deve ser chamado de timidez. Havia algo que ele encobria constantemente por meio de um abrupto silêncio ou um súbito isolamento. Havia uma certa coisa que era demasiado GRANDE PARA DEUS NOS MOSTRAR QUANDO ELE PISOU SOBRE ESTA NOSSA TERRA. ÁS VEZES IMAGINO QUE ERA SUA ALEGRIA.............